Martim Ribeiro: “preservação dos recursos hídricos necessita de união”

Vice-presidente do Programa de Proteção aos Mananciais fala sobre sensibilização da sociedade sobre o tema

“A preservação de recursos hídricos passa pelo interesse dos agentes técnicos, políticos e sociais. Se não houver uma sensibilização geral em relação à questão de preservação da água, não será atingido o efeito necessário. Por isso entendo que esse engajamento deve ser geral.”

A afirmação é do vice-presidente do Programa de Proteção aos Mananciais (PPM), do Consórcio PCJ, Martim de França Silveira Ribeiro, sobre a necessidade de haver união de vários agentes da sociedade para que questão da água seja efetivamente entendida como vital à toda comunidade.

Segundo Martim, as cidades que integram as Bacias PCJ já estão inerentemente encampadas nessa ação, mas é preciso entender como é central o engajamento dos agentes públicos nessa pauta. Ele ainda explica que os prefeitos sabem a importância do tema, porém, em alguns casos, ele não está na pauta de discussão daquele momento.

“Alguns estão focados em obras públicas ou investimentos em educação e saúde. Cabe ao Consórcio, em nosso papel técnico, mostrar como a questão da água permeia todas as ações de governo, pois ela é imprescindível à manutenção de qualquer ser vivo e ao desenvolvimento de qualquer atividade, seja ela comercial, industrial ou intelectual. Por exemplo, não há como pensar em saúde sem o fornecimento de uma água de qualidade potável à população. Não é algo separado, distante da nossa realidade, porque está muito próxima da gente”, atenta Martim.

Mudança comportamental

Para o vice-presidente do PPM, algumas mudanças são mais demoradas porque os comportamentos erráticos estão enraizados na cultura do manejo de propriedades rurais. “Alguns proprietários estão há muitos anos em suas terras, e sempre tiveram suas plantações feitas da mesma maneira. Incutir na cabeça deles uma nova realidade ou proposta é difícil. Percebo que isso ocorre por falta de conhecimento, tanto que muitos deles, depois de uma explicação técnica, acabam entendendo a proposta e entrando no programa”, observa. “Eles precisam daquela água, de um ambiente conservado para sua própria produção, mas muitas vezes nem sabem que estão se prejudicando. É preciso criar essa consciência.”

Martim acredita que uma “luz vermelha” acendeu quando o estado de São Paulo passou pela crise hídrica entre 2013 e 2014, quando o Sistema Cantareira foi obrigado a usar sua reserva estratégica, popularmente conhecida como “volume morto”, para manter o abastecimento de água. Ele avalia que técnicos e agentes políticos entenderam que é preciso haver planejamento a médio e longo prazos, e não apenas ações pontuais e imediatas. “As cidades crescem e se desenvolvem. Não dá mais para pensar em termos de cinco, dez anos de planejamento, tem de se planejar para o futuro. Não sabemos quando uma crise hídrica vai acontecer, por isso temos de antecipar essa questão”, alerta.

Com a pandemia do coronavírus, o contato presencial com a população para a propagação de ações e informações sobre a importância da preservação de mananciais ficou restrito, mas isso não arrefeceu as ações do programa aos associados do Consórcio PCJ. Durante toda a quarentema o PPM foi uma atividade considerada essencial e os atendimentos aos viveiros parceiros e doações de mudas não foram interrompidos. “Agora vamos ver se conseguimos propor ações mais em campo, como fazíamos anteriormente. Pretendemos visitar os municípios participantes, promover ações locais de plantio, enfim, fomentar ainda mais essas ações”, finaliza.

Martim Ribeiro, vice-presidente do Programa de Proteção aos Mananciais.

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