Participantes do projeto visitaram a Mata Santa Genebra, em Campinas (SP), para conhecer o local e sua diversidade ecológica
O Consórcio PCJ realizou, na última sexta-feira (23), o 3º Encontro do Projeto Gota d’Água 2025, na Mata Santa Genebra, em Campinas (SP). Os participantes do projeto assistiram a uma palestra sobre o local e sua relevância em biodiversidade, além de realizarem visita guiada pelo espaço da reserva ambiental.
O encontro teve início na sede da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), responsável pela gestão da Mata Santa Genebra, onde foi realizada uma exposição sobre a história da mata e exibidas imagens do espaço completo, que atualmente conta com 251 hectares. Foi destacado, também, a importância da Mata Santa Genebra para a preservação da biodiversidade, já que o local possui 659 espécies vegetais e 700 tipos de borboletas.
No passado, a área integrava a Fazenda Santa Genebra que pertencia ao Barão Geraldo, aristocrata, fazendeiro e político que viveu em Campinas. No fim de sua vida, a fazenda foi leiloada e a área passou a ser administrada pelo casal José Pedro de Oliveira e Jandyra Pamplona de Oliveira. Tamanha foi a sensibilização da sociedade sobre o espaço que, em 1981, após o falecimento de José, a viúva Jandyra doou a Mata à Prefeitura Municipal de Campinas. Fato curioso é que Jandyra doou apenas a “sombra da mata”, ou seja, a condição era de que se a floresta fosse derrubada, a propriedade da terra voltaria às mãos da família Oliveira.
Rogério Menezes, presidente da FJPO, destacou a relevância do local. “A Mata de Santa Genebra é o 2º maior fragmento de mata atlântica em área urbana do país. 251 hectares de preservação da nossa biodiversidade, 329 espécies de vertebrados, mais de 50 espécies de mamíferos, 200 de aves e 700 de borboletas, uma grande biodiversidade, inclusive, com onça-parda se reproduzindo”, assinalou ele.
INÍCIO DA VISITAÇÃO
A visita guiada teve início após a palestra expositiva, pela Trilha dos Canxins (plural de canxim, nome popular de uma árvore nativa do Brasil), percorrendo a estrada que contorna a Mata de Santa Genebra. Chamou a atenção dos visitantes na trilha o tamanho e beleza das paineiras, espécie de árvore que pode atingir até 30 metros de altura e durante o período de floração as flores apresentam coloração cor de rosa, que atraem pássaros e insetos polinizadores. No trajeto, os participantes flagraram a presença de um bugio, primata da família Atelidae ameaçado de extinção no Brasil, balançando-se entre as árvores.
Após a Trilha dos Canxins, os participantes visitaram o Laguinho da Sanã, que leva esse nome por conta das aves sanã-do-capim e sanã-parda, pássaros de pequeno porte que habitam a região. Junto ao Laguinho, conheceram um Meliponárioocal onde são criadas colônias de abelhas sem ferrão, geralmente em caixas, e o importante trabalho que elas realizam de polinização da flora e essenciais ao equilíbrio do ecossistema.
A Trilha do Jatobá proporcionou aos educadores contemplarem um Jatobá com quase 30 metros de altura e mais de 200 anos de idade. A árvore é da espécie Hymenaea courbaril e seu nome significa “árvore com frutos duros”, conhecida pelos seus benefícios medicinais com uma polpa rica em ferro. No passado, foi utilizada pelos povos indígenas em momentos de meditação e, por isso, passou a ser considerado patrimônio sagrado brasileiro.
Encerrando a visita técnica, a trilha do Jatobá termina no espaço onde está o Borboletário Santa Genebra, que conta com uma área de 3.000 m² dividida entre a casa de criação, o borboletário, o jardim e um viveiro de plantas utilizadas para alimentação das lagartas e monitoramento de mais de 700 espécies existentes no local, que justifica o tamanho do espaço. Entre elas, destaca-se a Hamadryas laodamia, conhecida como Borboleta céu estrelado, cujo nome se dá pela semelhança com a pintura “A noite estrelada” de Van Gogh.
O OLHAR DOS PARTICIPANTES
A visita pela Mata Santa Genebra permitiu a percepção da biodiversidade que é compartilhada nas Bacias PCJ, além de demonstrar a importância de preservá-la. Os participantes destacaram a riqueza do encontro, a possibilidade de se conectarem com o meio ambiente na prática e de conhecer as espécies através de uma caminhada que contempla a natureza.
Nara Cristina Chiarini Pena Barbosa, Bióloga na Secretaria de Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Paulínia, comentou sobre a importância do encontro e qual momento foi mais marcante: “Vir para o ambiente traz ideias para conseguirmos trabalhar com eles (alunos) e desperta esse olhar de sair de dentro da sala para conhecerem na prática. O que mais me marcou foram as abelhas, gosto muito delas, mas temos muita coisa imponente aqui que nem imaginamos estar tão pertinho da gente”, afirmou ela.
PRÓXIMO ENCONTRO DO GOTA VAI ABORDAR SOBRE SANEAMENTO BÁSICO
O próximo encontro do Projeto Gota d’Água vai acontecer no dia 27 de junho, a partir das 10h, em ambiente online, via Microsoft Teams, e terá como tema: os impactos da falta de saneamento na biodiversidade e na qualidade da água. As inscrições de participação já estão abertas e podem ser feitas pelo link: docs.google.com/forms/viewform
O projeto ainda contará com mais seis encontros, sendo três presenciais com visitas técnicas e três virtuais. Abaixo você confere o calendário completo.
CRONOGRAMA DOS ENCONTROS DO GOTA D’ÁGUA 2025
27/06/2025 às 10h – Online: Ciclo hidrossocial e Impercepção botânica
25/07/2025 às 8h – Presencial, em Vargem (SP): Sistema Cantareira (a confirmar)
22/08/2025 às 10h – Online: Mural do Clima (IPÊ)
26/09/2025 às 8h – Presencial, em Anhembi (SP): Estação Ecológica Barreiro Rico
24/10/2025 às 10h – Online: Cultura pela água (e vida)
28/11/2025 às 9h – Presencial, com local ainda a confirmar: Seminário de Avaliação
“ÁGUA: GUARDIÃ DA BIODIVERSIDADE” É O TEMA 2025 DAS CAPACITAÇÕES
O projeto Gota d’Água tem como tema central das capacitações deste ano “Água: Guardiã da Biodiversidade”. No total, serão nove encontros que irão debater sobre a importância da biodiversidade e sua conexão com a preservação da água e da vida no planeta. Sobre a escolha do tema, a gerente técnica do Consórcio PCJ, Andréa Borges, explica: “Nosso objetivo é abordar a conexão essencial entre a água e todos os seres vivos. Além disso, queremos refletir sobre o impacto das atividades humanas nessa relação, seja por meio da poluição ou das mudanças climáticas”.
SOBRE O PROJETO GOTA D’ÁGUA
Iniciado em 1994 nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o Projeto “Semana da Água” foi reformulado pelo Programa de Educação e Sensibilização Ambiental do Consórcio PCJ e, desde 2015, passou a integrar o Projeto Gota d’Água. O Projeto tem como objetivo sensibilizar e capacitar população, gestores públicos, empresas e instituições sobre a importância da conservação dos recursos hídricos e do uso sustentável da água para preservação do meio ambiente. Em média, 150 mil pessoas participam por ano do Gota d’Água. Mais informações, acesse: agua.org.br/projeto-gota-dagua/
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