Na última quarta-feira (21), o Consórcio PCJ, juntamente com a Gaia Social e o Observatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos (OPNRS), promoveu o Seminário sobre Responsabilidade Compartilhada no Gerenciamento de Resíduos Sólidos na sede da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), em Campinas (SP). O Seminário contou com a presença de 100 participantes e as palestras analisaram a responsabilidade compartilhada entre os diversos setores da sociedade.
Flávio Ribeiro, assistente executivo da vice-presidência da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), foi o primeiro palestrante e abordou a Política Nacional de Resíduos Sólidos e a aplicação da logística reversa com seu principais desafios. “O objetivo da logística reversa é garantir que no futuro a gente precise menos dos aterros sanitários”, comentou Ribeiro.
A logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
A responsabilidade do poder público na cadeia de gerenciamento e implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos foi discutida por Tadeu Dias Pais, da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (AMLURB) da cidade de São Paulo. Durante a apresentação, ele pontuou o papel de cada município na gestão de resíduos sólidos urbanos.
Cinthia de Vecchi Hax, gerente corporativa de meio ambiente da Ypê, empresa associada ao Consórcio PCJ, explanou as ações de gestão de resíduos sólidos praticados pela empresa, como a instalação de uma gerência de tecnologia de embalagem, tubos de detergente 100% reciclado e uso do papelão ondulado com recheio de papel reciclado. Com essas medidas, a Ypê poupou 71.825 árvores com a redução da quantidade de papel e papelão virgem na produção de suas embalagens. “Lutamos para fazer nossa parte dentro da companhia e apresentar bons resultados como esses.”
O interesse da sociedade na implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi apresentado pela representante do OPNRS e responsável pelo Departamento de Resíduos Sólidos da BV Rio, a Bolsa de Valores Ambientais. Luciana Freitas ressaltou a missão do Observatório e pontuou que “A ideia é criar condições para que a sociedade civil possa monitorar a implementação da PNRS, promovendo transparência aos resultados obtidos”.
O presidente da CooperCaps (Cooperativa de Produção e Trabalho de Coleta Seletiva da Capela do Socorro) e ex-catador de lixo, Telines Basílio, apresentou um histórico do perfil da população de baixa renda que trabalhava em lixões e que hoje desempenha atividades dentro da cooperativa. Para ele, uma das finalidades da CooperCaps é gerar emprego para a comunidade e retirá-los de situações de fome e miséria. Telines afirmou que a cooperativa não é um depósito de lixo, mas sim um negócio lucrativo.
Lusimar Guimarães, consultor técnico de projetos da Gaia Social, apresentou o panorama dos catadores de lixo no Brasil: 31% são mulheres, com idade média de 39 anos. Valquiria Cândido, líder de uma cooperativa de reciclagem da região, apresentou as dificuldades e os preconceitos acometidos às mulheres que trabalham nesse setor, apesar de, nos ambientes das cooperativas, elas serem a maioria.
Geraldo Virgínio, outro consultor técnico da Gaia Social, apresentou o programa Viraser, que tem por objetivo apoiar os municípios no gerenciamento de resíduos sólidos, através da articulação intersetorial entre poder público, empresas e sociedade civil para a implantação ou ampliação da coleta seletiva, como também a organização e desenvolvimento institucional de cooperativas de catadores e acesso às políticas públicas.
Após as apresentações, os palestrantes debateram com o público participante os inúmeros desafios existentes para a efetivação da PNRS. Todos elogiaram a diversidade das apresentações, que abordaram diversas visões sobre o mesmo assunto, e sugeriram que fossem realizadas outras edições do Seminário sobre Resíduos Sólidos, visto a qualidade das apresentações e a quantidade de assuntos que ainda precisam ser discutidos pelo setor.