Cerca de 56% municípios das Bacias PCJ não recebem águas do Sistema e dependem se suas reservas próprias
O Consócio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) ao lado da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo e do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado (DAEE) formaram uma Equipe multi e Interdisciplinar, composta por técnicos das três entidades, para o desenvolvimento do projeto “Superando a Estiagem 2018/2019”, que tem como objetivo auxiliar as cidades não atendidas pelas vazões adicionais do Sistema Cantareira a superarem a estiagem 2018 e se preparem melhor para o período seco do próximo ano. Na última semana, entre os dias 19 e 21 de setembro aconteceram as primeiras reuniões para debater o plano de ação.
Levantamento realizado pelo Consórcio PCJ mostrou que 43 dos 76 municípios da região não recebem contribuição para o seu suprimento hídrico do Sistema Cantareira, ou seja, as captações são realizadas em rios, córregos, ribeirões, poços profundos, represas municipais ou particulares, entre outras fontes, que não sofrem influência com os envios de água dos quatro grandes reservatórios da Sistema (Jaguari/Jacareí, Cachoeira e Atibainha) localizados na cabeceira da Bacia do Rio Piracicaba.
Some-se a isso a iniciativa da equipe técnica da entidade em comparar o comportamento climático atual com o ano de 2013, período no qual antecedeu a maior estiagem da região sudeste dos últimos 90 anos, e constatar semelhanças entre ambos acontecimentos, principalmente quanto a drástica redução das médias históricas das precipitações ao longo do ano, despertando atenção com relação à disponibilidade hídrica dos municípios não atendidos pelas reservas adicionais do Cantareira.
O Projeto “Superando a Estiagem 2018/2019”, então, iniciou contato com os 43 municípios não atendidos pelo Sistema Cantareira, com o envio de questionário sobre a situação da disponibilidade hídrica local, no segundo trimestre desse ano. Os primeiros retornos dessa pesquisa registraram que algumas cidades já estavam enfrentando dificuldades em 2018 para garantir o abastecimento e apontavam preocupações para 2019, caso o quadro da última “grande estiagem “ viesse a se repetir.
Em seguida, foram iniciadas visitas técnicas e o encaminhamento de documentos com medidas de contingenciamento, entre as quais, as “22 Metas para a Sustentabilidade Hídrica Futura” e modelos de “Campanhas para Estimular o Uso Sustentável da Água”, entre outras providenciais, inicialmente na linha das medidas não estruturais.
Durante a reunião da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico dos Comitês PCJ, o Secretário Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Ricardo Borsari, atendeu à solicitação do Consórcio PCJ de apoio para ações que promovam a sustentabilidade hídrica dos municípios que não recebem as águas do Cantareira, e acordou parceria entre a entidade, a Secretaria e o DAEE com o objetivo de agilizar os trabalhos já iniciados pelo projeto.
Como resultado desse acordo, entre os dias 19 e 21 de setembro, na sede do DAEE em Piracicaba (SP), a equipe formada por técnicos das três instituições receberam como início de atividades conjuntas representantes de sete dos dez municípios priorizados, onde projetos de captação de recursos em curso ou estagnados por algum imprevisto foram revistos e reencaminhados. Também foram estabelecidas medidas de curto médio e longo prazo foram e as tarefas distribuídas entre os parceiros.
Segundo Mário de Almeida, representante da Coordenadoria de Saneamento da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, os primeiros passos foram bastante produtivos. “Procuramos atualizar as demandas e organizar e agilizar ações em busca de soluções, nunca descartando medidas não estruturais de caráter emergencial, visando obter determinado controle de uma operação conjunta para atendimento as demandas existentes”, atentou durante reunião do último dia 21.
Os trabalhos terão continuidade com atendimentos direto na sede da Secretaria em São Paulo e no desenvolvimento do rateio das tarefas entre os parceiros. O Consórcio PCJ mantém o diálogo aberto com os associados à entidade em caráter de plantão para o atendimento a casos de emergências provocadas pela estiagem.
O secretário executivo da entidade, Francisco Lahóz, destaca a importância de estabelecer pactos nesse momento. “Por estarmos vivendo a era dos eventos climáticos extremos, estar atento e pactuando soluções é a única forma de tentar garantir a sustentabilidade hídrica. O pior poderá não ocorrer, mas, não existem garantias. Portanto, trabalhar no preventivo é sempre a melhor opção”, destaca.