Polo industrial de Cubatão será abastecido com água dessalinizada

Consórcio PCJ atenta para o potencial dessa tecnologia para o Brasil desde 2014
Cubatão (SP) está prestes a ganhar sua primeira usina de dessalinização. A empresa britânica de água “Hydrology” (www.hydrologyplc.com) é a responsável pela construção e operação de uma planta de dessalinização “ajustável” para o polo industrial da Unigel (www.unigel.com.br). O contrato será de 10 anos no valor de US$ 616 mil, com uma geração anual de US$ 192,5 mil e taxa de retorno de 22,75 %. A informação é do portal www.desalination.biz

“Financiamos nossos projetos com a criação de títulos específicos “water bonds”. Muitas pessoas que precisam dessas plantas não conseguem empréstimos de bancos devido à crise financeira”, disse Chris MacNee, chefe executivo da Hydrology. “É um ótimo lugar para estar, para quem quer obter financiamentos e, particularmente para este tamanho de projeto, existem oportunidades em títulos, desde que sejam contratos de longo prazo de, digamos, 10 a 15 anos”.
Hydrology iniciou suas atividades no ano de 2013 em resposta aos grandes problemas brasileiros gerados pelas mudanças climáticas e a seca, disse MacNee, que trabalhou primeiramente com setores de óleo, gás e indústrias de mineração no país. “Em alguns lugares, empresas, domicílios e hotéis tiveram seu acesso interrompido. A infraestrutura é de 30 a 40 anos atrás, com tubos de metal e em locais com áreas potencialmente tóxicas”.

O executivo atenta ainda na reportagem que a instabilidade política e econômica do Brasil abriu as portas para pequenos operadores. “Nosso foco principal é a dessalinização do mar e da água salobra para uso industrial, operando com contratos de longo prazo. Atuamos no Reino Unido, EUA e América Latina, e agora entramos em nossa próxima fase de crescimento, olhando para a Rússia e Índia, onde negociamos com operadores locais “, disse MacNee.

Consórcio PCJ e a dessalinização

O Consórcio PCJ foi uma das primeiras entidades brasileiras a cogitar a viabilidade de dessalinização para resolver os problemas de acesso à água e de disponibilidade hídrica. Ao final de 2014, no ápice da crise hídrica em São Paulo e na Região Sudeste, a entidade realizou estudo de viabilidade e custos para dessalinizar a água no litoral paulista e enviá-la para o Sistema Cantareira, que na época operava com a reserva técnica, mais conhecida como volume morto, ou seja, a água que fica abaixo das tubulações de captação.

Na ocasião, ainda reinava entre os gestores nacionais o mito de que os custos de tratamento da água dessalinizada é muito elevado, o que acabou sendo desmistificado com as parcerias entre o Consórcio PCJ e autoridades israelenses que apresentaram que o custo atual do tratamento não passa de US$ 0,50 de dólar, valor esse competitivo em relação ao tratamento de água convencional realizado no Brasil, tendo em conta o câmbio atual e as variações nos gastos com o tratamento em época de estiagens, quando a vazão dos rios cai drasticamente, comprometendo a qualidade da água.

No entanto, o maior desafio no tratamento de dessalinização de água marinha brasileira continua sendo o custo com energia elétrica no país que chega a ser quase proibitivo. Como alternativa, o Consórcio PCJ tem orientado a adoção de outras fontes de energia elétrica mais sustentáveis como a solar, a eólica, das marés, entre outras.

Em outubro de 2015, a entidade participou de visita técnica a Israel, onde conheceu de perto Soreq, a maior usina de dessalinização do país, com capacidade para tratar 150 milhões de metros cúbicos de água salina por ano, o equivalente a 7 m³/s. Na ocasião, representantes do Consórcio PCJ realizaram reunião com o gerente de desenvolvimento de negócios de Sorek, Fredie Lokie, com o objetivo de desenvolver um projeto vitrine dessa tecnologia no Brasil.

Projeto vitrine está em busca de locais com potencial de implantação

Retornando de Israel, em outubro de 2015, o Consorcio PCJ entrou em contato com o Presidente da Rede Brasil de Organismos de Bacias, o engenheiro Lupercio Ziroldo Antônio, solicitando apoio para a localização de local viável e de parceiros, para implantar uma “Estação de Dessanilização de Porte Médio”, em nosso país. A iniciativa encontra-se em estudo ainda.

Na visão do Consórcio PCJ, a estratégia é abastecer o litoral do Brasil com água dessalinizada para que as fontes no interior do continente fiquem reservadas para regiões com estresse hídrico. “Quando o assunto é avaliado sob ótica mais holística e não pontual, as soluções aparecem de forma mais abrangente que permite equacionar questões sociais, como a distribuição das comunidades no território brasileiro, capaz de conter a migração desenfreada com viés econômico e de ampliação da qualidade de vida”, atenta o secretário executivo da entidade, Francisco Lahóz, e um dos defensores de tecnologias de dessalinização no Brasil.

 

 

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