Iniciativa quer impulsionar políticas públicas voltadas para gestão de bacias transfronteiriças nas Américas do Sul, Central e do Norte
Na última segunda-feira, dia 25, em Foz do Iguaçu (PR), durante o 23º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, aconteceu o Summit “Diálogos sobre Gestão da Água nas Américas”, no qual foi lançado a inédita “Plataforma Água das Américas”, que terá como objetivo desenvolver a gestão de recursos hídricos no continente com foco na gestão de bacias hidrográficas trasnfronteiriças, uma iniciativa da Agência Nacional de Águas (ANA), Rede Brasil de Organismos de Bacias (REBOB), Rede Latino Americana de Organismos de Bacias (RELOB) e parceiros. No próximo ano, está previsto a realização do 1º Fórum das Américas, evento em que o Consórcio PCJ faz parte da comissão organizadora.
As três Américas (Sul, Central e do Norte) concentram 41% da água doce no mundo, o que demonstra sua importância para a gestão de recursos hídricos mundial. Mesmo com essa disponibilidade, a região enfrenta severos casos de desigualdade no acesso à água doce potável e de qualidade.
O desenvolvimento de cada país, com suas peculiaridades e distintas realidades se configuram como o grande desafio da plataforma, que tem o objetivo de desenvolver de aprimorar e promover mais avanços na área de gestão de recursos hídricos.
“Um exemplo de como a interlocução e integração entre os países em gestão das águas transfronteiriças aprimoram o gerenciamento de recursos hídricos, é o caso da construção da Usina de Itaipu, que envolveu 2 países (Brasil e Paraguai), mas teve também a participação nos debates da vizinha Argentina, que no início colocou diversos obstáculos para obra. Porém, com o avanço das negociações e da conciliação de temas, permitiu que Itaipu fosse construída e hoje gere energia elétrica, como uma das maiores usinas do mundo”, atenta o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, que representou a entidade no Summit.
O presidente da Fundação Agência de Bacias PCJ, Sergio Razera, também esteve presente no Summit e destacou as negociações da outorga do Sistema Cantareira como exemplo de buscas de consensos com base em estudos técnicos para o compartilhamento da água dos reservatórios com duas importantes bacias brasileiras, a do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo, e o PCJ. Razera comentou que as ações dos Comitês PCJ junto à população, à Sabesp e aos órgãos gestores foi de fundamental importância no sucesso das negociações.
A Plataforma Água das Américas pretende promover a participação da comunidade dos países envolvidos nos processos de decisão, promover a gestão eficiente da água e que todas as decisões tenham embasamento técnico e sejam transparentes. O primeiro passo da Plataforma será promover entre os governos dos países da região a previsão orçamentária para ações de gestão de recursos hídricos, como também para as ações recomendadas pela Plataforma.
O presidente da REBOB, Lupercio Ziroldo Antônio, também pontuou para a importância de que as decisões em torno das ações de gestão da água devam privilegiar estudos técnicos e não iniciativas meramente políticas.
O secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, comentou a iniciativa de unir os gestores de recursos hídricos de todo o continente. “As Américas possuem várias realidades tecnológicas e de experiências de gerenciamento que vão desde os principiantes até as altas tecnologias. A grande meta da iniciativa é conciliar as diferenças de cada país e promover o intercâmbio de tecnologias. O Brasil, por exemplo, através das Bacias PCJ, tem muito a oferecer em termos de novidades e criatividades de gestão”.
Lahóz ainda completa que “as Américas visitaram muitas experiências internacionais, agora é o momento de internalizar essas iniciativas com sua realidade e com os bons reflexos adquiridos dos intercâmbios internacionais”.
Informações sobre a Plataforma Água das Américas poderão ser acompanhadas pelo site do Consórcio PCJ (www.agua.org.br) e dos parceiros do projeto.
