Piscinões Ecológicos podem contribuir para evitar cheias e alimentar o lençol freático para o período de seca

Proposta será apresentada na Reunião Plenária do Consórcio PCJ nessa sexta-feira, dia 17
As cidades das Bacias PCJ vivem uma dicotomia todos os anos com impactos severos à comunidade: na época de chuvas, inundações e alagamentos estressam os sistemas de drenagem urbana, causando prejuízos à população, enquanto, durante a estiagem a região passa por momentos com grave escassez de água. A solução que o Consórcio PCJ apresentará aos municípios na Reunião Plenária da entidade nessa sexta-feira, dia 17, em Nova Odessa (SP), é a construção de “Piscinões Ecológicos”.

No Brasil, a ideia de “piscinão” foi proposta pela primeira vez em 1925 pelo engenheiro Saturnino de Brito, como forma de controlar as enchentes na cidade de São Paulo. Porém, os Piscinões Ecológicos que serão propostos pelo Consórcio PCJ diferem do modelo usado na Grande São Paulo, pois não são concretados, ou seja, não são impermeabilizados.

Os Piscinões Ecológicos, construídos em áreas livres que permitam a percolação da água no solo, terão como principal finalidade promover a redução das ondas de pico da drenagem urbana, durante as fortes precipitações no período chuvoso, garantindo a retenção das águas e minimizando os efeitos das enchentes, ao mesmo tempo em que promoverá a recarga do lençol freático, atuando como uma “grande bacia de retenção”.

O local de implantação dos Piscinões Ecológicos poderá receber paisagismo, obras de infraestrutura e lazer, o que permitirá o seu uso como espaço público pela população, diferentemente do que ocorre com os piscinões convencionais construídos em grandes centros urbanos, no qual a comunidade muitas vezes se manifesta contra sua implantação.

Com essa proposta o Consórcio PCJ tentou unir dois conceitos muito utilizados de forma isolada pelos municípios: a reservação de água dos piscinões e a iniciativa de preservação de áreas de proteção dos Parques Lineares, combatendo dessa forma ilhas de calor nos municípios, evitando enchentes e alagamentos, e promovendo a recarga do lençol freático que irá garantir as vazões dos rios e nascentes, durante a seca.

No documento a ser entregue aos municípios na sexta-feira, o Consórcio PCJ recomenda para a implantação dos Piscinões Ecológicos: estudos de drenagem da área que receberá o obra, estudo hidrológico e verificação de vazões escoadas superficialmente, levantamento dos pontos com possíveis áreas de inundação e estudo de redistribuição das águas pluviais, em micro bacias urbanas, através de desviadores de vazões denominados “Sarjetões”.

Preocupação com a manutenção

Outra recomendação da entidade é quanto à manutenção dos Piscinões Ecológicos após sua construção, para evitar seu assoreamento e comprometimento do escoamento das águas pluviais devido ao acúmulo de lixo e entulho. Sem uma manutenção constante, os “piscinões” podem servir como criadouros de mosquitos, como foi constatado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que identificou 13 espécies de mosquitos em “piscinões” da grande São Paulo. O ambiente extremamente poluído favorece o desenvolvimento de larvas, acarretando em uma superpopulação de mosquitos que além de incomodar a população podem ser vetores de agentes de doenças. O problema é pior em piscinões concretados, diferente da proposta do Consórcio PCJ com os Piscinões Ecológicos, que não são impermeabilizados, estando em terra batida ou cobertos por grama apenas.

O secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, destaca os potenciais dessa iniciativa. “É fundamental que tais piscinões ecológicos sejam executados com o compromisso de sua manutenção pela prefeitura municipal, garantindo também, quando possível, que seu entorno possua projeto de revitalização e plantação de árvores e plantas que propiciem que a área seja utilizada para o lazer local, como por exemplo pistas de caminhada, práticas esportivas, entre outros”, atenta.

O Consórcio PCJ recomenda que as obras para a construção de Piscinões Ecológicos sejam realizadas durante o período de estiagem, que se iniciará a partir do mês de abril e durará até outubro, para que as mesmas fiquem prontas para o próximo período chuvoso, possibilitando assim a recarga do lençol ao mesmo tempo que evita possíveis alagamentos e inundação. Tratam-se de obras de baixo custo, pois prestigiam preferencialmente áreas públicas e podem ser executadas com equipamentos das prefeituras municipais e parceiros interessados em evitar os alagamentos.

Bacias de Retenção

A entidade também segue com sua recomendação para a construção do maior número possível de bacias de retenção e açudes na zona rural e em estradas vicinais e imediações, com o objetivo também de alimentar o lençol freático e diminuir picos de vazões nos rios antes de chegar ao perímetro urbano, evitando-se, assim enchentes.

Para se ter ideia do potencial desperdiçado de reservação de água com a não implantação dessa iniciativa, pegue como exemplo um município qualquer com média de precipitação de 1.000 milímetros/ano. Se esse município possuir 500 km de estradas vicinais municipais, com largura aproximada de 10 metros, portanto, uma área de 5.000.000 de m², sem as bacias de retenção implantadas, seria desperdiçada cinco bilhões de litros de água por ano, segundo o Manual Técnico de Manejo e Conservação do Solo, elaborado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Nas Bacias PCJ, a média de precipitação é de 1.500 milímetros em épocas normais.

Reunião Plenária de eleição e outros assuntos

A Reunião Plenária dessa sexta-feira (17) também elegerá o novo Conselho Diretor do Consórcio PCJ para a gestão 2017 – 2019. A diretoria é formada por 01 Presidente, 07 Vice-Presidentes (Prefeitos), 03 Vice-Presidentes (Representantes das Empresas) e 13 Conselheiros (08 Prefeitos e 05 Representantes das Empresas). Atualmente, o Consórcio PCJ está sendo coordenado pelo Conselho de Transição, tendo como presidente Fernando Humphreys, representante da empresa Águas do Mirante.

Ainda serão temas de debates no encontro: novidades envolvendo a renovação da outorga do Sistema Cantareira, que caminha para sua reta final, após a realização das duas audiências públicas; entrega do Plano de Atuação da entidade para o biênio 2017/2018, pelo Conselho de Transição à nova Diretoria do Consórcio PCJ, contendo atividades divididas em 10 programas de ação; e a apresentação oficial da nova empresa a se associar ao Consórcio PCJ, a Coca Cola – FEMSA de Jundiaí.

Serviço:

Evento: Reunião Plenária do Consórcio PCJ
Data e Horário: 17 de março de 2017, a partir das 9h
Local: Vila Harmonia, localizado na Av. B, 35, Parque Industrial Harmonia – Nova Odessa (SP)

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