“A permanecer nosso comportamento atual, 66% da população mundial terá problemas de escassez de água até 2050”, disse o Diretor do Programa Nacional de Tecnologia da Água de Israel, Oded Distel, durante o Painel Internacional de Alto Nível: “A gestão da água frente aos desafios dos próximos 50 anos”, que aconteceu no último dia 20 de março, no Museu da Água, em Indaiatuba (SP).
Distel ainda pontuou sobre a importância de investimentos em perdas hídricas, já que 25% da água no mundo é perdida com vazamentos e problemas na distribuição. Como exemplo, ele citou Tel Aviv que possui 9% de perdas e com meta para reduzir a 5%.
O diretor israelense enfatizou a necessidade de um debate franco e intenso entre governos e comunidade sobre o valor da água. Os custos de captação, tratamento e investimentos futuros devem ser subsidiados com tarifas reais. “Temos uma cultura de que a água é um direito de todos e é, mas isso gera interpretações errôneas de que não se deve pagar pela água. A Água possui preço e esse é o desafio, o de mudar a opinião pública e dos políticos sobre o tema”, atentou.
A relação de Israel com o trato da água chamou a atenção dos participantes. “A água sempre foi uma prioridade nacional, mesmo em épocas muito antigas, como nos relatos bíblicos, nos quais eram abordadas dificuldades com a disponibilidade de água”, comentou Distel.
Em Israel, 50% da água consumida é destinada à agricultura e 35% ao consumo urbano. Esse volume usado para as atividades agrárias só é possível graças a água de reuso e à irrigação por gotejamento, no qual os judeus são referência.
O evento contou ainda com a participação do Superintendente do Saae de Indaiatuba, Sandro Coral, do prefeito municipal, Nilson Gaspar, e do Consul para assuntos econômicos do Consulado de Israel, Boaz Albaranez. Também palestraram a diretora de Planejamento do Saae, Vanessa Kühl, e o Dr. Marco Antonio Jacomasi, pesquisador do LADSEA/UNICAMP, que substituiu o Dr. e professor Antônio Carlos Zuffo, impossibilitado de comparecer ao evento por motivos particulares.
“A água será um artigo de luxo, quem tiver água terá vida”, destacou em sua fala de abertura o prefeito Gaspar, e lembrou algumas das ações que o município vem trabalhando ao longo dos anos buscando assegurar a disponibilidade hídrica futura.
“É uma honra sediar um evento com esta importância, gerir um recurso tão essencial como a água, requer não só compromisso, mas principalmente visão de futuro para estar à frente das situações de risco. ”, afirmou o superintendente do Saae engenheiro Sandro Coral.
A diretora do Saae Indaiatuba, Vanessa Khül, destacou os investimentos que o serviço de água realizou nos últimos anos em: tratamento de água e esgoto, combate às perdas, reservação de água tratada e a construção da Barragem no Rio Capivari Mirim, com capacidade de armazenar em média 1,3 bilhão de litros de água bruta.
Já o pesquisador do LADSEA/UNICAMP, pontuou sobre as transformações nas regras operativas do Sistema Cantareira, que estão ficando cada vez mais complexas devido a intensificação da ocorrência de eventos hidrológicos extremos. Jacomasi destacou que a gestão de recursos hídricos a cada evento extremo vai sendo aprimorada para tornar o sistema de gerenciamento mais seguro e preparado. Quanto à possibilidade de uma seca pior de 2014/2015 voltar a acontecer ele relatou. “Infelizmente, as estatísticas olham para trás, nunca o que está por vir”.
O Painel Internacional de Alto Nível “A gestão da água frente aos desafios dos próximos 50 anos” foi um evento do Consórcio PCJ em parceria com a Missão Econômica de Israel no Brasil e do Saae Indaiatuba, e faz parte da programação do projeto “Compartilhando Caminhos para Brasília 2018”, ação de sensibilização e promoção do 8º Fórum Mundial da Água, que acontecerá na capital federal de 18 a 23 de março de 2018.