O Consórcio PCJ participou entre os dias 22 e 24 de novembro da “Oficina de Integração de Organismos de Bacias da América Latina”, promovido pela Rede Latino-Americana (RELOB) e pela Rede Brasil (REBOB), em Brasília (DF), com apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e da Agência Nacional de Águas (ANA). No encontro foi realizado intercâmbios de experiências de gestão de recursos hídricos e discutido formas de mobilização da região para participar do 8º Fórum Mundial da Água.
O evento contou com a participação de importantes nomes nacionais e internacionais da área, como a do diretor presidente da ANA, Vicente Andreu, do secretário geral da Rede Internacional de Organismos de Bacias (RIOB), Jean François Donzier, do governador do Conselho Mundial da Água, Lupércio Ziroldo Antônio, do diretor presidente da Agência Executiva de Águas do Estado da Paraíba, João Fernandes, e representando a Unesco, Juliana Proite, além de diversos gestores de países latinos, como da Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru, México, Chile e América Central. Pelo Consórcio PCJ estiveram presentes o secretário executivo, Francisco Lahóz, e o gerente de sensibilização e comunicação, Murilo Sant’Anna.
Na abertura da Oficina, o diretor presidente da ANA destacou a importância do fortalecimento dos comitês de bacias no Brasil e na América Latina. “Como a sociedade e os usuários de água reconhece o papel dos comitês de Bacias e seus resultados a tal ponto de sentirem-se motivados a fortalece-lo?”, indagou Andreu aos presentes.
Ele prosseguiu afirmando que “se não mostrarmos à sociedade o valor e a importância do nosso trabalho, seremos tratados como um papel secundário pelas outras organizações e o tema água será subordinado exclusivamente à agenda política”, disse.
Ao dizer isso, Andreu atentou que o 8º Fórum Mundial da Água é uma etapa significativa para se fazer essa discussão e que a ANA, como toda a comissão organizadora nacional do Fórum tem o objetivo de fazer que o evento deixe como legado aprimoramentos na Política das Águas do Brasil.
O governador do Conselho Mundial da Água e presidente da REBOB, Lupércio Ziroldo Antônio, convocou a participação maciça dos representantes latinos no Fórum Mundial da Água, dizendo que “temos de mostrar que temos um grande protagonismo na gestão de recursos hídricos no mundo, já que um ¼ da água doce do planeta está na América Latina”.
Lupércio também atentou para os desafios latinos na área, sendo que alguns países não possuem Lei das Águas e planos de recursos hídricos. “O Fórum será a oportunidade de integrar a boa gestão da água e compartilharmos experiências do nosso continente latino-americano”, comentou.
O secretário geral da RIOB pontuou sobre os impactos das mudanças climáticas à gestão de recursos hídricos, classificando-as como sérias ameaças à disponibilidade de água doce. “A adaptação da gestão da água às mudanças climáticas é uma urgência mundial”, alertou Donzier.
Gestão Sustentável da Água
No total, a Oficina de Integração contou com três mesas de discussão e dois painéis de debates, sendo um específico sobre o 8º Fórum Mundial da Água.
Pela manhã do dia 23, o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, que também é membro da diretoria da RELOB, como um vogal, coordenou a mesa intitulada, “Os Organismos de Bacia e a Gestão Sustentável da Água, com as palestras do presidente da REBOB e governador do Conselho Mundial da Água, Lupércio Ziroldo Antônio, e do secretário geral da RIOB, Jean François Donzier, que destacaram a visão nacional e internacional sobre a eficiência na gestão de recursos hídricos.
Lahóz destacou a importância do fortalecimento dos organismos de bacias na gestão da água, atentando que essa sempre foi uma premissa do Consórcio PCJ. “Criamos metodologias para criar associações de usuários de água, que podem ser o embrião de futuros comitês de bacias e agências de água. Fomentamos a articulação desses entes dentro do gerenciamento de recursos hídricos, com a criação de redes, como a RIOB, REBOB e a RELOB, o que mostra a o papel central das redes nesse processo todo”, comentou.
Mesmo destaque ao papel fundamental das redes foi dado pelo presidente da REBOB. “A importância de nos integrarmos dentro de redes e organismos de bacia na América Latina é essencial para conseguirmos implantar políticas públicas sobre a água e concretizar obras. A água não é um tema primordial na agenda internacional dos países latinos e o Fórum Mundial da Água quer mudar isso”, destacou Lupércio.
Donzier voltou a destacar o impacto das mudanças climáticas à gestão de recursos hídricos durante sua exposição na mesa de discussão. “Não podemos ter ações pontuais, devemos conceber planos integrados que cubram toda a bacia hidrográfica. Construir novas represas não será suficiente se outras ações complementares não forem executadas, como reciclar os usos da água com o aproveitamento de água de chuva, o reuso de efluentes, combater as perdas hídricas, uso mais racional de água, além de fazer uso da dessalinização”.
De acordo com Donzier existem no mundo, 276 rios e lagos, além de 614 aquíferos no mundo, ao pontuar sobre necessidade de melhorar o monitoramento hídrico. “Não se pode gerenciar o que não se mede”.
Todas as mesas e os painéis de discussão tiveram outro ponto em comum. O papel central da comunicação dentro da gestão de recursos hídricos. Adequar-se às novas ferramentas de comunicação, como as mídias sociais, além de estreitar o relacionamento com a mídia e buscar formas de chegar até a comunidade foram pontuadas como de extrema importância.
Sobre a Oficina de Integração de Organismos de Bacia da América Latina
A realização pela Rede Latino-Americana de Organismos de Bacia, com o apoio da Agência Nacional de Águas (ANA) e a UNESCO, de uma “Oficina de Integração de Organismos de Bacia da América Latina e Caribe”, visa promover um debate envolvendo os membros de organismos de bacias para tratar da gestão das águas compartilhadas no território abrangido pelos países participantes de modo geral e, também, da gestão de bacias, em especial, nos aspectos de governança, troca de experiências, financiamento e representatividade. Primordialmente, a oficina buscará referências de soluções regionais e de integração de atividades com vistas ao fortalecimento do debate no 8º Fórum Mundial da Água que se realizará na cidade de Brasília (DF), de 18 a 23 de março de 2018, cujo tema será “Compartilhando Águas”.