O Combate aos Desertos Verdes: controle de espécies invasoras é debatido em Hortolândia

Medidas foram apresentadas pelo Consórcio PCJ no 5º Seminário de Meio Ambiente do município, realizado na última quarta-feira (08)

A importância do controle de espécies invasoras e substituição por árvores nativas em áreas de proteção permanente e em matas ciliares foi o centro dos debates do 5º Seminário de Meio Ambiente de Hortolândia (SP), realizado no dia oito de junho, em comemoração à Semana do Dia Mundial do Meio Ambiente. Na ocasião, estiveram presentes o prefeito José Nazareno Zezé Gomes, a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Eliane Nascimento Oliveira, o superintendente do Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos), Valdemir Ravagnani, e o professor e pesquisador da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), José Octavio Menten.

O Consórcio PCJ realizou exposição sobre o tema e os resultados do estudo realizado em 2019 sobre o manejo adequado de espécies invasoras feita pelos representantes da entidade: o secretário executivo, Francisco Lahóz, o assessor técnico, Flávio Forti Stenico, e o gestor ambiental Jerry Willians de Moraes.

Lahóz discorreu sobre a implantação pioneira de um Programa de Proteção aos Mananciais pelo Consórcio PCJ, em 1991, e contextualizou sobre como os plantios de matas ciliares estão sendo executados, desde então, e o risco que espécies invasoras são para a recuperação dessas áreas.  “Infelizmente, as leucenas têm prejudicado esses plantios que foram realizados, em especial, em áreas verdes urbanas”, alertou.

O desiquilíbrio ambiental causados por essas espécies foi atentado pelo assessor técnico do Consórcio PCJ. “O efeito alelopático das leucenas inibe o crescimento e elimina espécies de árvores nativas em áreas reflorestadas, tornando-as dominantes, com proliferação de modo muito rápido”, disse Stenico.

O estudo do Consórcio PCJ sobre espécies invasoras mostrou que a infestação de leucenas ocorre em áreas públicas dos municípios, especialmente, em áreas legalmente protegidas. Stenico abordou sobre as três formas possíveis de manejo e irradicação dessa espécie invasora, que é a extração mecânica, controle químico e biológico, além de pontuar sobre a necessidade de se criar um arcabouço jurídico para a realização dessas ações.

É importante fazer um mapeamento da legislação ambiental no município e redigir um decreto municipal para o controle de espécies invasoras, com a diretrizes das ações a serem executadas e sensibilização da comunidade sobre o impacto negativo desse tipo de árvores para a biodiversidade.

Na apresentação do gestor ambiental, contratado pelo Consórcio PCJ, Jerry Willians de Moraes, também foi exposto a necessidade de alterações na legislação dos municípios para o controle e erradicação das leucenas, ao discorrer sobre o caso de Paulínia, que teve de realizar mudanças estruturais na lei ambiental para poder implantar um programa de espécies invasoras, que contou com a participação da comunidade e do Conselho de Meio Ambiente (CONDEMA), no processo de debates.

“Paulínia solicitou o apoio do Consórcio PCJ na elaboração de um projeto para controle de leucenas, que está sendo aprovado pelo CONDEMA e, agora seguirá para a apreciação da Câmara Municipal. Nesse projeto também constam já quatro áreas que irão receber as ações de controle e erradicação de leucenas. Esse projeto será compartilhado com o município de Hortolândia”, informou Moraes.

Autoridades presentes manifestaram atenção e cuidado com o manejo de espécies invasoras

O prefeito de Hortolândia, Zezé Gomes, enfatizou que a administração municipal trabalha com visão de futuro na área ambiental. Nesse sentido, uma das ações prioritárias é a arborização. “Nosso governo pensa para frente, a longo prazo. Queremos plantar ipês no novo viário com cinco quilômetros, cujas obras estão avançadas. Para isso, temos que tirar a cortina de leucenas que cobre a visão do local. Precisamos deixar a cidade mais florida para trazer alegria às pessoas. Daqui quatro, cinco anos, a população poderá desfrutar das sombras dos ipês plantados. Assim como fizemos perto do lago da EMS, onde plantamos árvores, e hoje as pessoas já desfrutam das sombras delas. Que o seminário transforme as ideias e traga outro pensamento sobre a questão ambiental. Queremos que Hortolândia seja referência em meio ambiente no Brasil”, destacou Zezé.

A secretária Eliane Nascimento Oliveira ressaltou que a leucena é um problema desafiador para a cidade. “Precisamos ter um meio ambiente equilibrado. A leucena afeta os trabalhos de manutenção e limpeza em áreas públicas realizadas pela Prefeitura. É uma planta que cresce muito rápido e não deixa as espécies nativas se desenvolverem. Com o seminário, queremos buscar alternativas para o controle das leucenas”, salientou a secretária.

O Seminário de Meio Ambiente ainda contou com as apresentações do engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo Silva, que ministrou a palestra “Floresta Urbana”, e o engenheiro agrônomo e pesquisador do Laboratório de Silvicultura Urbana do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ, Marcelo Machado Leão, que abordou sobre as “Técnicas de controle da espécie invasora leucena”.

Sobre o estudo do Consórcio PCJ acerca de espécies invasoras

O Consórcio PCJ contratou, em 2019, estudo técnico regional para o controle de espécie vegetal invasora, desenvolvido pela empresa Propark Paisagismo e Ambiente LTDA. O objetivo da investigação foi de municiar os municípios membros da entidade sobre as melhores formas de controle e erradicação de leucenas e de mais espécies que não são nativas da nossa bacia hidrográfica e que se configuram como um perigo à biodiversidade da região e aos plantios de matas ciliares.

Desde então, o Consórcio PCJ presta apoio e consultoria aos municípios que necessitam de suporte no desenvolvimento de projetos nessa área e, especialmente, de orientações para a adequação das legislações municipais para a implantação de um programa de manejo e erradicação de espécies invasoras.

As leucenas são provenientes da América Central. Foram trazidas ao Brasil para uso destinado à suplementação alimentar de animais bovinos, porém, sua alta capacidade de dispersão no meio ambiente sem a necessidade de muitos cuidados transforma o local onde elas invadem verdadeiros desertos verdes.

O efeito alelopático dessa espécie ataca as árvores nativas da região. A alelopatia é definida como o efeito inibitório, direto ou indireto, de uma planta sobre outra, via produção de compostos químicos que são liberados no ambiente. Esse fenômeno ocorre em comunidades naturais de plantas e pode, também, interferir no crescimento das culturas agrícolas.

Os municípios associados ao Consórcio PCJ que desejem apoio sobre essa temática, podem solicitar mais informações pelo e-mail ppm@agua.org.br.

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