O Consórcio PCJ fechou sua participação na Assembleia Geral Mundial da Rede Internacional de Organismos de Bacias (RIOB), com a apresentação e inclusão das 22 metas para a Sustentabilidade Hídrica Futura no documento final do evento, que agora orientarão a gestão de recursos hídricos nos países membros da rede. A Assembleia aconteceu durante essa última semana, de 30/09 a 03/10, em Marrequexe, no Marrocos.
As Metas para a Sustentabilidade Hídrica foram elaboradas em 2016, tendo como horizonte os próximos 30 anos e buscando assegurar o abastecimento para o setor público, industrial e área rural, frente aos desafios climáticos. Além disso, o documento tem objetivo de transformar a sociedade e prepará-la para a ocorrência de eventos hidrológicos extremos, que tendem a ser cada vez mais recorrentes devido às mudanças climáticas.
Dentre as 22 metas destacam-se a redução das perdas hídricas para patamares abaixo de 20%, a implantação de Saneamento 100%, ou seja, 100% de tratamento e coleta de esgoto, e 100% de abastecimento de água potável. O documento ainda sugere que o tema água seja tratado como assunto de segurança nacional nas políticas voltadas à gestão de recursos hídricos.
RIOB 2019 e as tecnologias de gestão da água
A RIOB é um grande fórum conglomera vários países do mundo com o objetivo de intercâmbio de experiência de gestão de recursos hídricos entre seus membros e, consequentemente, de novas tecnologias em testes ou já implantadas com resultados.
Na apresentação dos trabalhos, a Espanha apresentou um excelente monitoramento das suas confederações hidrográficas, tanto do ponto de vista de quantidade e qualidade como do combate às perdas hídricas e no tratamento de efluentes.
“As confederações hidrográficas espanholas existem desde a república, portanto, antes de 1930, e estão sempre num crescente em termos de evoluções tecnológicas e de reformulação de suas equipes”, comenta o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz.
O sistema francês continua com seu conhecido equilibro e qualidade, atento às mudanças climáticas, com as mesmas dificuldades que sempre teve com o setor rural. Os países árabes e de clima semiárido tem investido forte em altas tecnologias. A Tunísia, por exemplo, demonstrou que está investindo fortemente em dessalinização.
Quanto à ocorrência de inundações e de mitigar impactos de fortes chuvas, os países apresentaram que estão empenhados em construções de reservatórios de usos múltiplos, que servem tanto para o abastecimento, geração de energia, como na contenção de cheias.
A escassez financeira para projetos na área de recursos hídricos tem afetados não somente o Brasil, mas vários países, que estão sendo obrigados a avançar na negociação de parcerias com ações compartilhadas, envolvendo o setor privado.
As experiências brasileiras na RIOB
Durante o evento, as ações brasileiras em gestão de recursos hídricos foram destacadas e enaltecidas por outros países. As ações dos organismos de bacia nacional foram apresentadas pelo presidente da Rede Brasil de Organismos de Bacias (REBOB), Lupércio Ziroldo Antônio, que destacou o papel de sensibilização no Brasil feito pela rede na promoção da gestão de recursos hídricos.
O Consórcio PCJ apresentou as lições aprendidas com a crise hídrica ocorrida em 2014/2015 e os reflexos para o gerenciamento no futuro, com a necessidade de atualizações nos planos de bacias que devem prever ações para tornar as cidades mais resilientes à eventos climáticos extremos.
O tema foi destacado na Reunião do Comitê de Ligação, espécie de diretoria da RIOB, pelo presidente do Consórcio PCJ e prefeito de Nova Odessa (SP), Benjamim Bill Vieira de Souza. “Hoje nosso grande desafio é aperfeiçoar nossos planos de bacias para tornar nossas bacias mais resilientes aos eventos hidrológicos extremos, que tanto tem dificultado o planejamento para a sustentabilidade hídrica futura”, disse.
O Secretário Executivo do Consórcio PCJ apresentou ainda durante a Sessão 2 “Clima: Os Desafios de adaptar a Gestão da Água às Mudanças Climáticas nas Bacias Hidrográficas”, o projeto de Piscinões Ecológicos e Bacias de Retenção para mitigar impactos dos eventos extremos na disponibilidade hídrica. “Necessitamos nos precaver dessas atividades climáticas, especialmente aos eventos hidrológicos extremos, que tem afetado mais rotineiramente nossas bacias hidrográficas, com chuvas extremamente acentuadas em curtos espaços de tempos e secas cada vez mais intensas”, abordou Lahóz.