Eventos climáticos extremos causam problemas na agricultura pelo oitavo ano consecutivo

Consórcio PCJ trabalha o tema desde 2011 dentro do Programa de Educação e Sensibilização Ambiental

A ocorrência de eventos climáticos extremos em 2012 pode acarretar pelo oitavo ano consecutivo problemas na produção agrícola mundial, mantendo os preços de alimentos elevados. A informação foi divulgada na última quarta-feira (18), pelo comentarista ambiental e de sustentabilidade da rádio CBN, Sérgio Abranches. O Consórcio PCJ desde 2011 vem trabalhando o assunto dentro de um grupo específico sobre o tema, além de realizar capacitações dentro do projeto Semana da Água.
Abranches informou em sua coluna diária no Jornal da CBN (Clique aqui e escute) que a produção de milho nos EUA deve cair 7% e a de soja 4% esse ano em decorrência da forte seca vivida naquele país. O calor também tem provocado o aumento na quantidade de pestes, o que deve comprometer a qualidade da safra que resta. Segundo Abranches, o preço do milho na bolsa de mercado futuro, desde meados de junho, subiu 51%.
Parte da produção de milho e soja também é usada na fabricação de ração para animais o que deve provocar aumento no preço da carne. Os preços dessas culturas no Brasil também devem sofrer pressões inflacionárias. “Aqui no Brasil a safra não foi afetada. Os preços também sobem porque é bom para a exportação”, disse.
Seca no Nordeste brasileiro
Abranches falou também sobre os problemas da seca no Nordeste brasileiro. “A seca já comprometeu seriamente a produção dos pequenos produtores na região e isso faz com que tenham de buscar comida no mercado. Os que tem de condições [financeiras] de ir ao mercado tem uma piora considerável em sua dieta, porque a renda é baixa e não são capazes de comprar a proteína necessária diária. Os que não tem renda suficiente para ir ao mercado ficam ameaçados de fome”, disse ele.
A região das bacias PCJ nos últimos anos vem enfrentando problemas, também, com a ocorrência de eventos climáticos extremos. Inserida dentro de uma região com 408 m3/ hab/ ano, enquanto a ONU recomenda acima de 1,5 mil m3, a bacia sofre com verões extremamente chuvosos e invernos comumente secos.
No entanto, a partir de 2009, para se ter ideia, choveu mais de 2,1 mil milímetros enquanto a média histórica anual é de 1,4 mil milímetros, de acordo com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri) da Unicamp. O ano de 2009, aliás, foi o que mais choveu desde 1989.
Junho choveu mais de 133mm enquanto o esperado é de 45mm
Na região de Campinas, inserida nas Bacias PCJ, em junho deste ano, choveu 133,1 milímetros, enquanto a média esperada para o mês é de 42,2 milímetros. Julho, até o momento, apresentou 42,2 milímetros e já se aproxima da média para o mês que é o 45,7 milímetros.
Para o pesquisador do Cepagri, Jurandir Zullo Junior, ainda é necessário acompanhar essas ocorrências e verificar sua repetição para poder afirmar que essas oscilações são reflexos de uma mudança no clima. Segundo ele, “pesquisas no mundo inteiro tem verificado uma diminuição nos dias de ocorrência de chuva e manutenção da quantidade, ou seja, chove-se o esperado, mas em menos dias”.
 Zullo Junior disse que Organização Mundial de Meteorologia (WMO na sigla em inglês) indica que uma série histórica é composta por no mínimo 30 anos. A estação do Cepagri possui 24 anos de medição.
Sérgio Abranches atenta que eventos climáticos extremos não são apenas desastres ambientais, como enchentes e secas. “Esses eventos tem efeito importante na economia, portanto, há uma relação muito próxima entre economia e meio ambiente. Por isso que a ideia de economia verde faz sentido, porque ela reduz os custos para a economia”, esclarece ele.
INPE disponibiliza plataforma de monitoramente de Eventos Extremos
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) disponibilizou gratuitamente a partir de hoje (19), uma nova plataforma de computador que poderá ser utilizada por prefeituras, instituições, entidades e empresas para monitorar, analisar e emitir alertas sobre risco de desastres naturais ou ambientais. A plataforma, feita em código aberto, é capaz de integrar, em tempo real, dados meteorológicos, climáticos, atmosféricos, hidrológicos, geotécnicos, disponíveis em qualquer servidor conectado à internet.
Eventos extremos e o Consórcio PCJ
O Consórcio PCJ atento a essas mudanças, se organizou em 2011 e criou o Grupo de Eventos Extremos que se reuniu periodicamente para debater ações de contingência e prevenção. Dentro do Projeto Semana da Água, realizado pela entidade por meio do Programa de Educação e Sensibilização Ambiental, capacitou no ano passado cerca 194.677 pessoas, envolvendo alunos de ensino fundamental e médio, comunidade e formadores de opinião, sobre ações de prevenção a eventos climáticos extremos.
“A ocorrência dos eventos extremos exige maior aprofundamento sobre as questões ambientais para podermos entender as alterações que nós, humanos, estamos gerando à natureza e de que forma isso pode nos afetar ou até mesmo comprometer nosso futuro nesse planeta”, opina a gerente de Gestão e Sensibilização do Consórcio PCJ, Andréa Borges.

Consórcio PCJ trabalha o tema desde 2011 dentro do Programa de Educação e Sensibilização Ambiental

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