Segundo Consórcio PCJ, disponibilidade na Grande São Paulo é ainda pior com menos de 50m³ habitante/ano. Saída é aproveitamento de água reservada por Piscinões na capital.
O Consórcio PCJ atualizou estudo sobre a disponibilidade hídrica nas Bacias PCJ realizado em 1996 pelo Professor da PUC-Campinas e técnico da SANASA, Armando Gallo, em que se constatou redução de 408 para 298,79 m³ por habitante/ano, durante o período de estiagem. A redução para a Grande São Paulo foi ainda maior, de 208 para 49,62 m³.
A título de comparação, o Oriente Médio, caracterizado por regiões desérticas, no estudo de Gallo possuía naquela época disponibilidade hídrica de 450 m³ por habitante/ano. Hoje, segundo dados do Relatório 2015 das Nações Unidas para Desenvolvimento Hídrico, a região possui 292 m³ por habitante/ano. As Bacias PCJ e do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo, seguem tendo comportamento de bacias hidrográficas com alto estresse hídrico. Ainda segundo a ONU, enquadram-se nessa condição regiões com menos de 1000 m³ por habitante/ano.
A redução das disponibilidades só não foi ainda pior porque o consumo de água nas Bacias PCJ caiu 47% em relação ao levantamento de 1996. “Mesmo com o aumento populacional verificado no período, no qual a região passou de 3,8 para 5,2 milhões de habitantes, a redução da demanda no setor industrial e agrícola propiciou que a situação hídrica atual não fosse ainda mais grave”, explica a gerente técnica do Consórcio PCJ, Andréa Borges.
Na atualização do estudo feito pelo Consórcio PCJ, a demanda industrial reduziu 55%, passando de 16,72 para 7,55 m³/s, enquanto a demanda para irrigação caiu 66%, passando de 5,47 para 1,87 m³/s. Devido ao crescimento de 37% da população entre os anos de 1996 e 2014, a demanda no abastecimento público cresceu 47%, passando de 8,46 para 12,46 m³/s. Os dados atuais das demandas foram balizados pelo Relatório de Situação 2014, divulgado pela Agência de Água PCJ.
Segundo o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, a redução das demandas nos setores industrial e rural se deve em parte à consolidação do sistema de gerenciamento dos recursos hídricos e a implantação da cobrança pelo uso da água. “A implantação da cobrança pelo uso da água criou e consolidou uma nova cultura de trato com água, gerando a conscientização de valor da água e que ela é um bem finito”, comenta.
A atualização da disponibilidade hídrica das Bacias PCJ tornam ainda mais evidente a necessidade de se agilizar a construção dos reservatórios nas cidades de Amparo e Pedreira, que incrementarão as vazões na região de no mínimo 7 m³/s, além do reservatório em Salto, que atenderá a ampliação do aeroporto de Viracopos. Igualmente, medidas de incentivo financeiro e desburocratização na construção de reservatórios municipais se mostram urgentes, em paralelo com ações de combate às perdas hídricas e educação ambiental, conforme o Consórcio PCJ tem orientado aos municípios e empresas.