Desenvolvimento Sustentável sem sede e sem fome

22/03/2012

 

Vivemos atualmente uma forte pressão sobre a produtividade agrícola em todo mundo, mas em especial nos países em desenvolvimento, grandes exportadores de commodities. O progresso que essas nações vêm experimentando nos últimos anos tem contribuído para o crescimento da economia mundial, embora, países da Europa e os Estados Unidos estejam mergulhados numa forte recessão. Esse crescimento econômico tem feito com que mais pessoas tenham acesso ao mercado consumidor. Daí a pressão sobre a necessidade de se ampliar a produção agrícola para abastecer os mercados. No mundo, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem em condições crônicas de fome. E como aumentar a produtividade agrícola sem água?

As estatísticas indicam que as pessoas bebem de dois a quatro litros diários de água, no entanto, a maior parte da água que “bebemos” está incorporada aos alimentos que consumimos: produzir um quilo de carne de vaca consome 15 mil litros de água, por exemplo, um quilo de trigo “se bebe”, 1,5 mil litros de água.

As bacias PCJ são uma região de extrema peculiaridade. Possuímos um grande parque industrial, perdendo apenas para a grande São Paulo e a Baixada Santista, segundo muitos especialistas. Em nossa região há cidades com características ainda preservadas com ares do interior, se desenvolvendo através do turismo e preservação históricas e ambientais, como também, temos grandes metrópoles situadas principalmente no eixo Limeira, Piracicaba, Campinas e Jundiaí.

Ademais de todo esse desenvolvimento industrial e social, as bacias PCJ possuem forte viés agrícola, com culturas de flores, cana-de-açúcar, batata, tomate, uva e outras tantas frutas, que fazem de nossa região presença marcantes na exportação dessas commodities.

Tamanho desenvolvimento e prosperidade contrastam com a disponibilidade hídrica da região, que na época de estiagem chega apresentar 408 m3/s por habitante/ano. Apenas para título de comparação, o oriente médio possui 450 m3/ por habitante/ano. Podemos nos perguntar: E como essa conta fecha? Se tenho pouca água, como ainda podem haver indústrias e acentuada produção agrícola?

A eficiência do sistema gestão e as práticas de reuso são o segredo para que as bacias PCJ consigam equacionar essa conta e disponibilizar água suficiente para o abastecimento público, setor industrial e agrícola.

Porém, o crescimento avança mais indústrias se instalam em nossa região e a agricultura sofre pressão ainda maior sobre sua produtividade para abastecer o mercado interno e externo. Para 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu como tema para os debates no Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, “A Água e a Segurança Alimentar”.  Nós do Consórcio PCJ, ao fomentar ações de gestão dos recursos hídricos e iniciativas ambientais que busquem contribuir para o aumento da oferta hídrica, estamos de certo modo contribuindo para que  mais pessoas tenham acesso à comida.

O Brasil tem papel de destaque no planeta na produção de alimentos. Temos também um território com grande potencial hídrico, mas não podemos abrir mão de um sistema de gestão eficiente, pois, a pressão sobre a disponibilidade de água tanto para o desenvolvimento industrial, no setor agrícola como para o abastecimento público é eminente.

O trabalho que o Consórcio PCJ tem realizado nesses 22 anos de fundação é referência em âmbito nacional e internacional. Nossas experiências são apresentadas e aplaudidas em diversos organismos de bacias pelo mundo, desde a América Latina até a Europa. Possuímos laços de irmandade para troca de experiências com a Agência Loire Bretagne, na França, com a Rede Internacional de Organismos de Bacias (RIOB) e Rede Latino Americana de Organismos de Bacias (RELOB). No Brasil, participamos de diversos fóruns e associações para disseminação das experiências em nossa região para outras partes ainda em desenvolvimento mais acanhado que o nosso. Destacamos termos sido fundadores da Rede Brasil de Organismos de Bacia (REBOB).

A ONU para esse ano diz em seu slogan para o Dia Mundial da Água que “o Mundo tem sede porque temos fome”. Eu diria que nós, nas Bacias PCJ, sempre tivemos sede e só não passamos fome graças à articulação de diversas entidades ligadas à gestão dos recursos hídricos, e dentre elas, o Consórcio PCJ, que nesses anos todos tem procurado apontar soluções aos desafios que o desenvolvimento sustentável se impõe.

Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Dia Mundial da Água 2012

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