Vantagens e desvantagem com a produção de mudas em saquinhos, tubetes e embalagens biodegradáveis foram apresentadas aos participantes
A otimização de produção de mudas de árvores nativas em viveiros é de extrema importância para projetos de reflorestamentos em Áreas de Proteção Permanente (APP), como as matas ciliares, tão necessárias para proteger os rios da nossa região. Estima-se que as Bacias PCJ possuam um déficit de 200 milhões de mudas nativas a serem plantadas ao logos dos rios de toda a bacia. Atento a isso, o Consórcio PCJ promoveu na quinta-feira passada, dia 28 de novembro, o curso “Produção de Mudas em Viveiros Florestais”, em Piracicaba (SP), com o objetivo de capacitar operadores de viveiros municipais e fomentar a implantação de novos empreendimentos na região.
Pela manhã, a parte teórica do curso foi aplicada no auditório da Secretaria Municipal de Educação, pelo Engenheiro Agrônomo, José Carlos Perdigão, que apresentou dicas de gerenciamento mais eficientes de viveiros e formas de manejo e produção de mudas nativas. Pela tarde, os participantes realizaram visita técnica ao Viveiro Municipal de Piracicaba, principal parceiro do Consórcio PCJ no fornecimento de mudas para projetos de reflorestamento em matas ciliares das Bacias PCJ.
Durante a capacitação, Perdigão apresentou as vantagens e desvantagens no processo de produção das mudas por meio dos três métodos existentes: em saquinhos plásticos, tubetes e em embalagens biodegradáveis. Segundo ele, todos os métodos são bons e apropriados, porém, as mudas produzidas em tubetes e embalagens biodegradáveis apresentam desenvolvimento mais rápido e eficiente.
“Como as mudas de tubete e de embalagens biodegradáveis apresentam menos riscos de desenvolvimento de raízes enoveladas, permite que elas cresçam mais rapidamente e desenvolvam mais rápidas em comparação às mudas em saquinhos, com maior potencial de vida útil”, explicou o engenheiro.
Perdigão explanou que os viveiros iniciaram a produção de mudas com saquinhos de papel e depois evoluiu para o tradicional saquinho de plástico, que possui benefícios e algumas limitações. As raízes das plantas possuem comportamento tecnicamente chamado de fototropismo negativo, ou seja, elas crescem sem parar na ausência de luz. O uso de saquinhos plásticos bloqueia a passagem de luz fazendo que as raízes das mudas não parem de crescer e, assim, gerando o enovelamento delas, o que comprometerá o seu desenvolvimento. Um problema central gerado por esse comportamento, é que mudas com raízes enoveladas geram árvores menos estáveis, com dificuldades de ancoragem e sustentação aérea, o que pode gerar quedas em temporais e movimentação de solo.
Já a produção de mudas em tubetes, as raízes crescem numa única direção. Como o fundo desse recipiente de armazenamento é vazado, quando a raiz cresce até o fundo encontra luz e para de crescer, gerando novas raízes. Esse processo não bloqueia a passagem da seiva para as raízes que crescem retilineamente e mais saudáveis. Ainda que sejam mudas menores em tamanho, elas se desenvolvem mais rapidamente que as mudas de saquinho.
O processo mais atual de produção de mudas é o realizado por embalagens biodegradáveis, conforme conta Perdigão. “Esse tipo de embalagem é um processo que evoluiu a partir de embalagens de plantas ornamentais. Ele funciona como um tubo oco que foi colocado e prensado substrato, o fundo tem o mesmo diâmetro da parte de cima, envolto por um tecido de celulose, biodegradável, com vantagem de produzir a muda levar a campo e plantá-la sem precisar retirar a embalagem, diminuindo consumo de plástico, entre outros benefícios”.
O engenheiro atenta ainda que nesse tipo de embalagem as raízes crescem para todas as direções de modo retilíneo, já que ao entrar em contato com o papel celulose, que permite a passagem de luminosidade, para o crescimento da mesma, formando novas raízes. Experimentos em campo, mostram que mudas produzidas nesse processo, se desenvolvem ainda mais rápido que as mudas de tubetes. “Superado alguns desafios para adaptar um tamanho de muda que ela possa ir a campo num porte com mais segurança, não tão pequena, que o potencial de produzir mudas em embalagens biodegradáveis é maior que os outros dois modos: em saquinho e tubete”, aposta Perdigão.
Para o coordenador de projetos e responsável pelo Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio PCJ, Guilherme Valarini, o curso serve como forma de aprimoramento para os colaboradores que já trabalham em viveiros, ao mesmo tempo que sensibiliza e fomenta a criação de novos viveiros em outros municípios. Atualmente, o Consórcio PCJ possui parceria com 15 viveiros municipais para a produção de mudas. “Ampliar o número de viveiros e a eficiência dos que já existem é fundamental para o aumento de projetos de reflorestamento em toda a bacia”, atenta.