Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da cidade organizou evento para debater possíveis medidas de contingenciamento
A apreensão sobre os impactos que a baixa disponibilidade hídrica pode causar ainda nesse ano e com reflexos para 2022 foi o tema central de debates no encontro virtual “A Crise Hídrica – Temos Futuro em Valinhos”, organizado pela Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos do Município, no último dia 21 de outubro. O Consórcio PCJ foi convidado a participar do evento para expor sobre o cenário hídrico atual, tendo como palestrante o engenheiro e secretário executivo da entidade, Francisco Lahóz.
Os eventos climáticos extremos foram destacados por Lahóz como o fator principal que tem pressionado a disponibilidade hídrica. O cenário só não é pior porque ações promovidas após a última grande ocorrência, na crise hídrica de 2014/15, estão amenizando um pouco os impactos atuais, mas, tendem a intensificar seus reflexos para 2022. “Parcela Significativa da população fez a lição de casa, com a redução do consumo na capital e interior na ordem de 10%, além da inauguração de importantes obras pelo Governo do Estado, como o Sistema São Lourenço e a transposição do reservatório Jaguari, em Igaratá, na Bacia do Paraíba do Sul, com o reservatório Atibainha do Sistema Cantareira, que permitem 12 m³/s adicionais, o que tem evitado o Cantareira entrar no seu volume morto, já em 2021”, explicou ele.
Além dessas iniciativas, o secretário executivo do Consórcio PCJ elencou Programas de combate a perdas nas redes públicas de distribuição, Interligações de Sistemas de Saneamento, implantação de projetos de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) e ações de sensibilização como importantes nesse processo para amenizar os impactos da disponibilidade hídrica atual. “Sem essas ações, certamente teríamos menos água ainda para o abastecimento nas condições extremas que estamos vivendo hoje”, disse.
Também participaram do encontro virtual o engenheiro, vereador de Valinhos e membro do Conselho Fiscal do Consórcio PCJ, Luiz Mayr Neto, e a arquiteta e ambientalista, Maria Amélia Leite. Os participantes questionaram se as chuvas de outubro não estariam melhorando as vazões dos rios e diminuindo a pressão sobre a disponibilidade hídrica, gerada pelos eventos climáticos extremos atuais. Maria Amélia, por exemplo, lembrou que existem técnicos que defendem como o reservatório mais sustentável o lençol freático. “As águas subterrâneas alimentam as nascentes e permitem a extração de água através de poços profundos”, atentou ela.
No entanto, Lahóz alertou sobre o empobrecimento do lençol freático nas Bacias PCJ devido à diminuição do volume de chuvas nos últimos quatro anos, com queda de 17% das médias históricas. “Esse comportamento fez com que o nosso aquífero esteja enfraquecido e as chuvas do momento melhoram a umidade relativa do ar, facilitam a irrigação superficial das plantas, mas não alteram em nada o quadro de estresse hídrico que estamos passando em 2021”.
E o cenário pode piorar ainda mais, já que as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia preveem para o próximo verão chuvas de 20% a 40% menos intensas que as séries históricas.
O membro do Conselho Fiscal do Consórcio PCJ, Luiz Mayr Neto ressaltou a necessidade de uso sustentável da água durante esse período de estresse hídrico e a necessidade de implantação de projetos de Pagamentos por Serviços Ambientais para garantir água para o desenvolvimento sustentável. “O crescimento e desenvolvimento econômico do município é diretamente proporcional a água que ele tem a oferecer”, afirmou.
Lahóz aproveitou a oportunidade para lembrar da experiência da cidade de Indaiatuba, que criou há mais de 10 anos a “Taxa Municipal de Desenvolvimento”, na qual são inseridos passivos de investimentos em saneamento e em infraestrutura atual e futura, para a autorização de empreendimentos imobiliários. O sucesso dessa ação foi tanto, que permitiu a realização de diversas ações de ampliação da disponibilidade hídrica, como a construção de reservatórios de “Usos Múltiplos”, atrelados à ampliação da resiliência verde, com a criação de “Parques Lineares”.
Maria Amélia ainda destacou a importância dos Planos Diretores Municipais na garantia dos remanescentes verdes nos municípios e proteção aos mananciais, que poderão oferecer ampliação da qualidade de vida, através de oportunidades de lazer e melhoras do clima local, ao mesmo tempo e que se transformam em um complemento de oferta hídrica para atendimento às demandas existentes.
Os 32 anos de fundação do Consórcio PCJ, comemorados no último dia 13 de outubro, foram lembrados pelo secretário executivo da entidade, atentando sobre o impacto que teve a “Campanha Ano 2000 – Redenção Ecológica do Rio Piracicaba”, na comunidade das Bacias PCJ e para a história de criação do Consórcio. Segundo relato de Lahóz, houve o envolvimento Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Piracicaba, ao lado da Escola de Engenharia de Piracicaba/FUMEP, mobilizando a participação da Associação dos Engenheiros de Bragança Paulista, prefeituras municipais e demais atores estratégicos para a gestão de recursos hídricos de toda a região, além de universidades, clubes de serviços, ONGs, entre outras.
Todos foram parabenizados pela iniciativas e por manterem o engajamento com as metas de criação da Entidade que é a “implementação eficaz da Governabilidade e Governança da Água e a garantia de sua quantidade e qualidade para as atuais e futuras gerações”.
O engenheiro Helio Bortoletto Júnior e vice-presidente da Associação de Engenheiros de Valinhos, foi o coordenador do encontro virtual, participando ativamente dos debates e concluiu que a proposta da Entidade em debater Temas Prioritários e Polêmicos, com certeza, foi e está sendo um grande sucesso.