O Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio PCJ contabilizou o plantio de 50 mil mudas nativas durante o ano de 2015, o que representa a recuperação florestal de uma área equivalente a 30 hectares ou 300 mil metros quadrados, possibilitando, deste modo, o sequestro de 4,5 mil toneladas de carbono da atmosfera.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Florestas, cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver de 150 a 200 toneladas de carbono, um dos gases responsável pelo efeito estufa, apontado por especialistas como o responsável pelas mudanças climáticas e consequente alteração da temperatura do planeta.
As matas ciliares também são importantes para a infiltração de água no solo, o que vai recarregar o lençol freático e, por conseguinte, as nascentes dos rios. Levando em conta que a precipitação média anual das Bacias PCJ que é de 1500 mm e que cada hectare de floresta pode infiltrar 3 milhões de litros/ano, para os 30 hectares plantados em 2015 resulta numa possível recarga do lençol freático estimado em 90 milhões de litros de água.
Segundo reportagem da Revista Scientific American Brasil o aquecimento da Terra tem causado alterações no comportamento hidrológico. “O vapor de água é o gás mais forte de efeito estufa, pois é controlado principalmente pela temperatura. Em geral, ele vem aumentando pelo menos desde os anos 80. A precipitação varia muito localmente, mas tem aumentado em várias regiões do mundo, incluindo o leste das Américas do Norte e do Sul, o norte da Europa e o norte e o centro da Ásia. Secas têm sido observadas no Sahel, Mediterrâneo, sul da África e partes do sul da Ásia. A salinidade oceânica pode agir como um grande calibrador de chuva. Águas próximas da superfície dos oceanos têm estado, em geral, menos salgadas em latitudes médias e altas, enquanto em latitudes mais baixas têm apresentado maior salinidade, em conformidade com as mudanças nos padrões de precipitação de larga escala”.
Trazendo o tema para a realidade brasileira, mais especificamente a região sudeste, vimos entre os anos de 2014 e 2015 a ocorrência da pior estiagem dos últimos 90 anos. Já em 2016, entre os meses de maio e junho, a região das Bacias PCJ, no interior do Estado de São Paulo, viu a precipitação de chuvas aumentar vertiginosamente, em até 300%, causando alagamentos e transtornos para a população. O Rio Piracicaba, por exemplo, passou de vazões abaixo de 10 m³/s para quase 700 m³/s, demonstrando como as Bacias PCJ, no interior de São Paulo, passaram por um forte evento hidrológico extremo.
Amenizar os impactos das mudanças climáticas tem cada vez mais despertado a atenção de diversos fóruns mundiais relacionado à gestão da água. A Rede Internacional de Organismos de Bacias (RIOB) realizou em junho a 10ª Assembleia Geral da rede, em Mérida, no México, onde foi divulgado documento sobre os riscos à segurança hídrica devido às mudanças climáticas.
A Organização das Nações Unidas (ONU), criou no início de 2016, o Painel de Alto Nível sobre a Água para mobilizar ações urgentes para se atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, especialmente o de número 6 que atenta para água e saneamento, além dos impactos das mudanças climáticas.
“Ações que contribuam para mitigar ou minimizar os impactos das mudanças climáticas são de extrema importância para o futuro que queremos entregar para as próximas gerações. Nesse contexto, iniciativas como a de reflorestamentos promovida pelo Consórcio PCJ devem servir de alento e exemplo para a comunidade, empresas e poder público na busca por um mundo mais sustentável”, comenta o coordenador de projetos do Consórcio PCJ e responsável pelo Programa de Proteção aos Mananciais, Guilherme Valarini.
Ele ainda atenta para a importância das matas ciliares para a garantia da disponibilidade hídrica. “As matas ciliares desenvolvem papel fundamental no combate ao assoreamento dos rios, retendo sedimentos que se depositariam no corpo d’água, além de efeitos benéficos para a fauna ao redor e melhora na qualidade e quantidade de água dos rios”, atenta.
Sobre o Programa de Proteção aos Mananciais
Desde 1991, o Consórcio PCJ realiza ações de recuperação e proteção de matas ciliares e nascentes com o objetivo de garantir a preservação dos recursos hídricos nas Bacias PCJ. Através de seu Programa de Proteção aos Mananciais, a entidade já plantou cerca de 4,2 milhões de árvores e ajudou a recuperar mais de 2,4 mil hectares de matas ciliares. Os proprietários rurais que participam do programa recebem apoio e suporte para a área recuperada por dois anos do Consórcio PCJ quando, então, as mudas já estão aptas a prosseguirem com o seu desenvolvimento por conta própria.
Os Associados à entidade interessados em doações de mudas ou em parcerias para projetos na área de reflorestamento em matas ciliares podem entrar em contato com a equipe do Programa de Proteção aos Mananciais pelo telefone (19) 3475 9409 ou pelo e-mail ppm@agua.org.br.