A Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH) dos Comitês PCJ se reuniu nessa segunda-feira (31), em Jaguariúna (SP), conforme ocorre ao final de todos os meses, para deliberar sobre propostas de distribuição de vazões do Sistema Cantareira para o atendimento da Grande São Paulo e Bacias PCJ. No encontro, o Consórcio PCJ propôs metas de redução do consumo de água tanto para as Bacias PCJ como para o Alto Tietê, onde está a Região Metropolitana de São Paulo, como forma de poupar o Sistema Cantareira para garantir a segurança hídrica durante a atual estiagem que se inicia na segunda quinzena de abril. Pelos cálculos do Consórcio PCJ é possível conseguir as vazões oriundas do Cantareira para as duas regiões com uma economia gradativa de até 50% no consumo de água.
A equipe técnica do Consórcio PCJ alertou na reunião que como a Grande São Paulo depende de 33 m3/s do Sistema Cantareira, que representa 50% da necessidade total da região, ao economizar 50% do seu consumo, estimado em 70m3/s, possibilitaria à Grande São Paulo não depender das vazões oriundas do Cantareira, temporariamente. Já as Bacias PCJ possuem um consumo médio total (agrícola, industrial e urbano) de 40m3/s. Como a dependência da bacia em relação ao Cantareira é de 12 m3/s no período seco, se a região economizar ao menos 30%, passará pela estiagem sem a necessidade das vazões adicionais do Cantareira.
Caso essas providências forem tomadas e as chuvas que estão previstas evidentemente acontecerem, irá possibilitar o início da recuperação do Sistema Cantareira, retardando a utilização do volume morto, uma vez que estamos ainda no início da estiagem e não sabemos o tipo de criticidade de disponibilidade hídrica que poderá nos afetar durante essa época.
Trata-se de um raciocínio radical, porém, por tratar-se do primeiro e terceiro parque industrial do Brasil, representando 14% do PIB nacional, todas as medidas preventivas devem ser utilizadas para que exista um mínimo de segurança e reservas em situações de extrema calamidade.
O secretário executivo dos Comitês PCJ e representate da região no Grupo Técnico de Assessoramento para gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira), Luiz Roberto Moretti, informou que o grupo efetuou algumas simulações para a estiagem em 2014, sendo que no panorama pessimista irão ocorrer precipitações de chuvas apenas 30% das médias históricas, quadro que obriga as regiões envolvidas a racionalizar o uso da água permitindo a passagem pelo período de estiagem, contando-se que as chuvas recomecem em outubro desse ano. Desta forma, o GTAG prevê o início da utilização do volume morto ao final de junho.
A afluência ao reservatório no mês de fevereiro foi de 6,5 m3/s, com retiradas superiores a 30 m3/s, provocando rebaixamento significativo dos seus níveis de operação. Essa mesma situação foi mantida em março, apesar de terem ocorrido chuvas próximas da média histórica.
O coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, citou dificuldades de compreensão dos cálculos hidrológicos quanto à redução significativa das vazões de afluência ao Sistema Cantareira frente à ocorrência registrada de chuvas na média histórica para o período de março, sinalizando diversas possibilidades, como a da evapotranspiração, que é a evaporação da água do sistema devido à altas temperaturas, ou algum tipo de retirada não contabilizada.
“Os atuais eventos extremos estão causando dificuldade de compreensão através de cálculos hidrológicos, uma vez que o volume de chuvas e das retiradas de água dos reservatórios para as Bacias PCJ e do Alto Tietê, que foram anunciadas, não justificam um rebaixamento tão significativo do volume útil do Cantareira como está sendo verificado”, disse ele durante a reunião.
A CT-MH também deliberou que para mês de abril sejam liberadas as seguintes vazões do Sistema Cantareira para as bacias envolvidas: Alto Tietê, 27,9m3/s e Bacias PCJ 4m3/s. Essa proposta será encaminhada ao GETAC para que ele aprove ou não essa decisão.
Assessoria de Comunicação – Consórcio PCJ