Chuvas de verão poderiam ter propiciado o início da operação dos Reservatórios de Amparo e Pedreira

O El niño está cumprindo a sua parte. Fortes chuvas estão ocorrendo, permitindo inclusive a recuperação do Sistema Cantareira que nessa quarta-feira (20) operava a 12,24% do volume útil. Tanta água também encheriam os reservatórios de Amparo e Pedreira, caso tivessem sidos construídos como previa o Plano Diretor de Gerenciamento de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Piracicaba (DAEE) de 1984 e o Plano Diretor de Captação e Produção de Água das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari de 1992, elaborado em parceria pelo Consórcio PCJ, Municípios Associados e o DAEE.
A equipe técnica do Consórcio PCJ realizou simulações com os índices de precipitações verificados no início desse verão e com as vazões médias verificadas no mês de dezembro nos pontos de medição a jusante dos reservatórios e concluiu que as Barragens em Amparo, chamada de Duas Pontes, e a de Pedreira estariam completamente cheios em pouco mais de um mês.

Para o reservatório de Duas Pontes, com capacidade de armazenar 44 milhões de metros cúbicos, os técnicos da entidade utilizaram o posto PS12 Dal Bo no Rio Camanducaia, que fica a montante do local onde será construído barramento. Nesse ponto, a vazão média no mês de dezembro de 2015 foi de 17,03 m³/s. Para o cálculo do tempo de reservação plena da barragem foi utilizada 14,03 m³/s, considerando a vazão ecológica a jusante da barragem que seria de 3 m³/s. Portanto, o reservatório de Duas Pontes estaria completamente cheio em 36 dias.

Já a barragem em Pedreira, com 32,7 milhões de metros cúbicos, foi utilizada como referência o ponto PS11 no Rio Jaguari. Ali, a vazão média verificada no mês de dezembro foi 18,75 m³/s. Os técnicos utilizaram para o cálculo a vazão de 11,75 m³/s, levando em conta a vazão ecológica do rio a jusante do barramento de 7 m³/s. Com este cenário o reservatório de Pedreira estaria cheio em 33 dias.

No entanto, a equipe técnica do Consórcio PCJ alerta não ser recomendável encher um reservatório de forma tão rápida assim. “O enchimento rápido de um reservatório pode comprometer a área de inundação. O ideal é que esse processo seja gradativo e contínuo”, atenta o coordenador de projetos do Consórcio PCJ e responsável pelo Programa de Disponibilidades Hídricas, José Cezar Saad.

O técnico esclarece, todavia, que mesmo promovendo uma reservação lenta e gradual, os reservatórios de Amparo e Pedreira estariam operando e gerando vazões adicionais para a região ainda em 2016. “Certamente teríamos algum volume de água reservada com potencial de uso ainda nesse ano“, conclui Saad.

Estima-se que os reservatórios de Amparo e Pedreira tem potencial para regularizar 12 m³/s para a região. Cada metro cúbico é capaz de abastecer 250 mil habitantes. Esse volume de água é capaz de garantir a sustentabilidade hídrica de mais de duas cidades do porte de Campinas.

Além desses dois reservatórios, o Plano Diretor de 1992, previa a construção de outros 10 nas Bacias PCJ. Desde o agravamento da crise hídrica, com seu pico em 2014/15, o Consórcio PCJ intensificou as recomendações em investimentos no armazenamento de água, seja por meio da construção de barragens, bacias de retenção, piscinões, cisternas, com o intuito de ampliar as reservas de água para estiagens cada vez mais severas. “O rio cheio nos enche de esperança ao mesmo tempo que nos aterroriza quanto ao futuro, pois, com tanta água indo embora pelas calhas dos cursos d’água, cedo ou tarde a conta será cobrada por tanto desperdício”, alerta o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz.

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