Objetivo é sensibilizar a sociedade sobre como o tema é importante para tornar as cidades mais sustentáveis
A necessidade de ampliar o acesso ao saneamento ambiental para tornar as cidades mais resilientes à eventos climáticos extremos, com estiagens cada vez mais intensas, passa pela importância de debates políticas públicas e ações de fomento e promoção de água de reuso. Pensando nisso, os alunos de pós-graduação de Gerenciamento em Recursos Hídricos, da Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (FUMEP) da Escola de Engenharia (EEP), redigiram o documento “Carta de Alerta sobre as Vantagens do Reuso da Água”, que será divulgado à comunidade das Bacias PCJ (Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e, também, no âmbito do sistema de gerenciamento de recursos hídricos nacional.
A carta foi idealizada e escrita pelos alunos da disciplina “Educação Ambiental”, ministrada pelo secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, com a intenção de recomendar procedimentos e ações de sensibilização sobre reuso. O documento, igualmente, será enviado à Rede Latino-Americana de Organismos de Bacias (RELOB) como recomendação e contribuição à gestão ambiental da América Latina, já que Lahóz ocupa cargo na diretoria da rede, como um dos vogais e realiza intercâmbios de experiências.
O documento ressalta ainda os instrumentos contidos na Política Nacional de Recurso Hídricos, como: o plano de recursos hídricos, o enquadramento dos corpos d’água, segundo seus usos preponderantes, a outorga do direito de usos, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos e o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (SIRGH), que visam a garantia desse preciso produtos, em quantidade e qualidade, para atender os setores agrícola industrial e urbano, para as atuais e futuras gerações.
Nas Bacias PCJ, onde insere-se o município de Piracicaba, o reuso da água já ocorre há dezenas de anos, uma vez que, no período de estiagem os municípios localizados rio abaixo dependem do lançamento dos efluentes gerados pelos municípios localizados rio acima, ampliando a vazão nas calhas dos corpos d’água, e, consequentemente, facilitando suas captações. Nos últimos 30 anos o tratamento de efluentes nas bacias PCJ passou de 3% na década de 1990, para 78% atualmente, o que possibilitou a melhoria na qualidade da água captada diretamente na calha dos cursos d’água.
A região já conta com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), em nível terciário, associadas a utilização e uma tecnologia avançada denominada EPAR (Estação de Tratamento de Produção de Água de Reuso). Essas estações são a demonstração prática da viabilidade técnica e econômica dos processos envolvidos na água de reuso, e permitirão que mais avanços na área de comando e controle ambiental ocorram, o que permitirá um aumento significativo da disponibilidade hídrica, já que a bacia é uma área considerada de estresse hídrico crônico.
Lahóz pontua sobre a importância do engajamento dos alunos com a questão ambiental e no debate sobre a construção de cidades mais sustentáveis. “O documento elaborado pelos alunos enfatiza como é evidente a valorização de temas ambientais pelas políticas públicas, sobretudo, as que discorrem sobre água, já que nossa região precisa de planejamento para dar garantias de sustentabilidade hídrica para o desenvolvimento futuro e, nesse contexto, água de reuso é um tema central nessa linha”, atenta o secretário executivo do Consórcio e professor da pós-graduação da FUMEP.
O documento se encontra na Biblioteca Digital do Consórcio PCJ e pode ser acessado, clicando aqui.