A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o tema “Águas Residuais” como o foco das discussões para o Dia Mundial da Água 2017, a ser celebrado em 22 de março.
Popularmente conhecida como esgoto, as águas residuais compreendem todo o volume de água que teve suas características naturais alteradas após o uso doméstico, comercial ou industrial. Trata-se de uma substância com grau de impureza que varia de acordo com sua utilização, mas que sempre contém agentes contaminantes e potencialmente prejudiciais à saúde humana e à natureza de modo geral.
O retorno dessa água ao meio ambiente deve necessariamente sofrer tratamento de modo que ela volte a apresentar qualidade e limpeza adequadas para que seja lançada no corpo receptor (rio, lago ou mar) sem causar danos à saúde e ao ecossistema.
No Brasil, a coleta e tratamento das águas residuais configuram-se como grande desafio para o saneamento ambiental. Segundo o Instituto Trata Brasil, apenas 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto, sendo que deste efluente coletado somente 40% passa por algum tipo de tratamento antes de ser descartado no meio ambiente.
O tema ainda demonstra a desigualdade social no país. Estados mais carentes e menos desenvolvidos apresentam menos acesso ao saneamento básico frente aos Estados com mais recursos. Por exemplo, a região norte é que apresenta as médias mais baixas de tratamento de esgoto (14,36%), enquanto o Centro-Sul brasileiro apresenta melhores índices, acima da média nacional.
Águas Residuais nas Bacias PCJ
Nas Bacias PCJ as águas residuais recebem uma atenção especial há mais de duas décadas. A fundação do Consórcio PCJ, inclusive, foi fomentada justamente pela queda na qualidade das águas dos mananciais da região devido ao lançamento de efluentes nos rios. Quando a entidade foi criada em 1989, apenas 3% dos esgotos coletados eram tratados. Segundo o mais recente relatório de Gestão das Bacias PCJ, editado pela Agência PCJ, a média de tratamento na região atingiu a marca de 72% do total de esgoto coletado (92%), bem acima das médias nacionais.
A universalização do saneamento, com atendimento em 100% de tratamento de água, coleta e tratamento de águas residuais são essenciais para a dignidade humana e a saúde pública. O Instituto Trata Brasil estima que são necessários R$ 508 bilhões até 2033 para universalizar o acesso aos 4 serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem). Somente para água e esgoto serão necessários R$ 303 bilhões.
Especialistas do setor sugerem que cada R$1 investido em saneamento economiza-se R$4 na área da saúde. Não é só nesse campo que ocorrem impactos positivos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) atenta que cada R$ 1 investido em saneamento gera R$ 3,13 em riquezas à economia, já que saneamento demanda grande quantidade de obras e serviços, movimentando áreas da indústria, comércio e setor de serviços em todo o ciclo que vai da captação e abastecimento de água à coleta e tratamento do esgoto. Para cada R$ 1 bilhão investido em saneamento, 58 mil empregos diretos e indiretos seriam criados: sendo 27 mil na indústria, 25,1 mil no setor de serviços e 5,9 mil em agropecuária.
Sobre o dia Mundial da Água
O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU no dia 22 de março de 1992. Desde então, essa mesma data a cada ano é destinada à discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.
A data comemorativa é uma oportunidade para se conhecer mais sobre a problemática da água, promover debates na sociedade e tomar atitudes que façam a diferença no uso racional de água. A cada ano, a ONU escolhe um tema diferente para ser discutido que corresponde a um desafio atual ou futuro.
No ano passado, a ONU divulgou os temas das três próximas edições do Dia Mundial da Água, sendo que em 2016 os debates ocorreram em torno de “Água e Empregos”, em 2017 conforme já atendado será “Água Residual” e em 2018 terão como foco “Soluções Naturais para a Água”.