Construção de reservatórios nas Bacias PCJ trarão segurança hídrica para a Região
A crise hídrica vivida entre 2014 e 2015 colocou o planejamento hídrico no centro das decisões do poder público, ao mesmo tempo que a população passou a se sensibilizar mais sobre o tema e exigir garantias quanto à segurança do abastecimento de água. Talvez esse tenha sido o grande legado da crise, a união entre os gestores e a comunidade. “Precisamos nos integrar e ajudar mutualmente”, nas palavras do Vice-Presidente de Monitoramento das Águas do Consórcio PCJ e atual Presidente da Sanasa Campinas, Arly de Lara Romeo.
Ele é o primeiro convidado de uma sequência de entrevistas que o Consórcio PCJ promoverá em seu site na internet (www.agua.org.br) e nas mídias sociais: YouTube, Facebook e Twitter. No bate-papo com a equipe de Comunicação da entidade, Romeo abordou sobre a construção dos reservatórios em Amparo e Pedreira, além do projeto de um reservatório municipal em Campinas que, segundo ele, trarão segurança hídrica para as Bacias PCJ. Além disso, também foram temas da conversa, as ações de contingenciamento da crise hídrica realizadas pela Sanasa, a importância de ampliação do investimento do setor privado no saneamento, e as ações modelos que Campinas tem realizado na área. Leia abaixo trechos da entrevista ou assista a conversa na íntegra pelo site do Consórcio PCJ e nas mídias sociais da entidade.
As Bacias PCJ, onde está inserida a Região Metropolitana de Campinas, passou entre 2014 e 2015 pela mais grave crise hídrica dos últimos 90 anos. Quais ações foram tomadas pela Sanasa para amenizar esses impactos?
Arly de Lara Romeo – A população, hoje, está muito mais conscientizada da importância do uso racional da água. Avançamos bastante em Campinas, nós dobramos a capacidade de reservação de água potável, passamos de 109 para 197 milhões de metros cúbicos, a empresa adotou uma série de providências de conscientização na mídia que nos permitiu suportar toda a crise. Eu creio que o Consórcio PCJ teve um papel importantíssimo nesse processo.
A construção de reservatórios de água é a solução para a disponibilidade hídrica na nossa região?
Arly de Lara Romeo – O Governo do Estado (São Paulo) já tomou a decisão de construir dois reservatórios, um em Amparo e outra em Pedreira. Os recursos já existem para construção das duas barragens. Independente disso, Campinas quer ter um reservatório próprio. Esse reservatório está orçado em R$ 300 milhões e estamos fazendo uma Parceria Público Privada (PPP) para essa obra. Os estudos estão avançados e creio que ainda em 2016, deveremos anunciar a conclusão desse processo.
E o combate às perdas nas redes, também é um investimento?
Arly de Lara Romeo – A Sanasa/Campinas ostenta a menor perda de água de metrópole de grande porte do Brasil, com 19,2%. E ainda conseguiremos baixar mais esse índice. Estamos substituindo 70 km por ano de redes de cimento amianto por Polietileno de Alta Densidade (PEAD).
Como está evoluindo o Projeto 300%?
Arly de Lara Romeo – Esse projeto é composto por três metas: entregar água potável para a população, já fazemos isso com 99,5% das casas; recolher e tratar 100% do esgoto. Hoje Campinas tem capacidade instalada para tratar 95% do seu esgoto, nós tratamos atualmente 90%. E já iniciaram as obras da Estação de Tratamento de Esgoto ETE – Boa Vista, um investimento de quase R$52 milhões, e com essa ETE teremos capacidade instalada para tratar 100% do esgoto.
Com essa capacidade de tratamento de efluentes, quais obras estão previstas para o esgotamento sanitário e, assim, levar esse esgoto para tratamento?
Arly de Lara Romeo – Temos aprovadas as quatro cartas consultas no Ministério das Cidades e na Caixa Econômica Federal de um financiamento de R$ 920 milhões, com esses recursos, deveremos fazer 400 km de redes de esgoto, e com essas obras atingiremos 100% de esgoto coletado e tratado.
Na sua opinião, estamos preparados para novas crises hídricas?
Arly de Lara Romeo – Com essas obras Campinas e a região metropolitana terá garantias para a segurança hídrica. Eu acho que a crise trouxe maior união, integração, e Sanasa se sente muita honrada em participar ativamente desse processo. Precisamos nos integrar e ajudar mutuamente.
Como o senhor avalia a participação de capital privado em obras de saneamento báscio?
Arly de Lara Romeo – Cada real que se investe em saneamento a gente economiza quatro na saúde, então, acho muito importante que os empresários apoiem, que compreendam que investir em saneamento é um alto negócio porque tem muita obra para ser feita. O poder público cada vez mais tem escassez de recurso, é um bom negócio para o empresariado.
Como estão as iniciativas para água de reuso realizadas pela Sanasa Campinas?
Arly de Lara Romeo – A crise trouxe um grande debate que é a água de reuso. A Sanasa possui avanços significativos nessa área. Todas as unidades da corporação do Corpo de Bombeiros em Campinas utilizam água de reuso, por meio de quatro grandes reservatórios exclusivos para essa finalidade. E estamos nesse momento ultimando uma parceria com Aeroporto Internacional de Viracopos para levar ao empreendimento água de reuso. Há poucos dias, a Sanasa assinou um contrato com a direção do aeroporto e assumiu toda a coleta e tratamento de todo o esgoto do aeroporto internacional e estamos direcionando esse efluente para a Estação que usa as famosas membranas ultrafiltrantes. Então, esse esgoto está sendo tratado e num segundo momento queremos levar essa água para o aeroporto. Viracopos será o primeiro aeroporto do Brasil a utilizar água de reuso em grande escala.
Quanto já foi investido em obras de Saneamento pela Sanasa Campinas?
Arly de Lara Romeo – Nesses três anos e seis meses do nosso governo, investimos na área do saneamento R$ 380 milhões. Esses investimentos fizeram que saltassem nossa capacidade instalada de tratamento de água de 80 para 95%; levamos redes de esgoto para inúmeros bairros de Campinas; dobramos a capacidade de reservação de água potável. Nos próximos quatro anos a expectativa é de investirmos até R$ 1,2 bilhão em saneamento, que serão investidos na substituição de redes, na ampliação da reservação de água, em 400 km de rede esgoto e, se for o caso, também na construção do reservatório municipal.