Por Priscila Marcon*
Segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), investir em soluções baseadas na natureza (SbN) pode criar até 32 milhões de novos empregos até 2030.
As Soluções Baseadas na Natureza (SbN) são abordagens que utilizam processos e elementos naturais para enfrentar desafios ambientais, sociais e econômicos. Estas soluções inspiram-se e trabalham com a natureza para promover a resiliência climática, a conservação da biodiversidade e o bem-estar humano.
Lançado em dezembro de 2024, durante a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), em Riad, Arábia Saudita, o relatório Trabalho Decente em Soluções Baseadas na Natureza 2024 pede investimentos maiores e mais direcionados aos países com maior potencial de uso de SbN.
Dados do relatório apontam que mais de 60 milhões de pessoas trabalham globalmente em atividades categorizadas como SbN, que são ações para proteger, conservar, restaurar, usar de forma sustentável e gerenciar ecossistemas terrestres, de água doce, costeiros e marinhos naturais ou modificados.
Por meio de investimentos direcionados, o emprego em SbN poderia aumentar em até 32 milhões de empregos globalmente. Os maiores ganhos seriam na África, América Latina e Estados Árabes, onde o número de pessoas trabalhando em SbN poderia ir do nível atual de 2,5 milhões para mais de 13 milhões até 2030. A parcela do emprego global em SbN nessas regiões aumentaria de cerca de 5% atualmente para mais de 40%.
Embora as estimativas de emprego atualmente se concentrem em SbN para desafios ambientais como mitigação climática e perda de biodiversidade, bem como degradação da terra, há um potencial inexplorado para mais infraestrutura “verde-cinza” que integre tanto a infraestrutura construída quanto a baseada na natureza (NbI). Em países de baixa e média renda onde o trabalho de SbN é mais intensivo em mão de obra, há um grande escopo para criar oportunidades de emprego para populações vulneráveis.
O relatório destaca que, embora os benefícios gerais da transição verde sejam positivos, grupos específicos podem enfrentar efeitos adversos em seus empregos e meios de subsistência. À medida que a demanda por SbN cresce, mobilizar recursos adicionais e implementar medidas de transição justas será essencial para garantir amplo apoio a essas iniciativas.
As principais recomendações do relatório incluem o fortalecimento de estruturas de políticas, o investimento em desenvolvimento de habilidades e o aumento da produtividade dos trabalhadores. O relatório recomenda ainda a promoção dos direitos dos trabalhadores e a inclusão nos empregos SbN, bem como a necessidade de fortalecimento da pesquisa e da coleta de dados.
Confira o relatório na íntegra no link: https://www.ilo.org/sites/default/files/2024-12/Decent%20work%20NbS%202024_ANNEXES.pdf
Sobre a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
A OIT é a agência das Nações Unidas para o mundo do trabalho. Para promover a justiça social e o trabalho decente, a OIT reúne governos, empregadores e trabalhadores para impulsionar uma abordagem centrada no ser humano para o futuro do trabalho por meio da criação de empregos, direitos no trabalho, proteção social e diálogo social.
Sobre a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)
A IUCN é uma União de membros composta por organizações governamentais e da sociedade civil. Ela aproveita a experiência, os recursos e o alcance de suas mais de 1.400 organizações-membro e a contribuição de mais de 15.000 especialistas. A IUCN é a autoridade global sobre o status do mundo natural e as medidas necessárias para protegê-lo.
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Ele fornece liderança e incentiva parcerias no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a melhorar sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.
*Priscila Marcon
Coordenadora de Projetos do Consórcio PCJ, com Doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e com Mestrado em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC/USP).