O papel da comunicação na mudança na abordagem da temática ambiental foi o centro dos debates do IV Congresso de Jornalismo Ambiental

22/11/2011

O atual modelo econômico frente à sustentabilidade, mídias sociais, novas formas de comunicação, a Rio+20 e a capacitação do jornalista na abordagem da temática ambiental nortearam as discussões no IV Congresso de Jornalismo Ambiental, que aconteceu entre os dias 17 e 19 de novembro, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

O assessor de comunicação do Consórcio PCJ, Murilo F. de Sant’Anna, esteve presente ao evento discutindo novas pautas e promovendo a entidade como potencial fonte de informação na área de gestão dos recursos hídricos para os colegas jornalistas da área ambiental. Representando as bacias PCJ, também estiveram presentes o assessor de comunicação do SAAE do município consorciado Atibaia, Dário Régoli Júnior, e a assessora de comunicação da Fundação Agência de Bacias PCJ, Ivanise Pachane Milanez, além, da Assessora de Comunicação da Agência Nacional de Águas (ANA), Claudia Dianni.

As mudanças na forma de comunicação através das mídias sociais foram destacadas logo na abertura do Congresso pelo Jornalista do canal Globo News André Trigueiro. “É evidente que de 2005 para cá experimentamos mudanças na forma de comunicação. As redes sociais tiveram a função de aglutinar forças e os resultados são concretos, como o espaço do tema ambiental nas mídias”, comentou Trigueiro.

Na oficina “O papel do assessor de imprensa como indutor das pautas de sustentabilidade”, a capacitação dos jornalistas foi levantada como primordial e também os desafios de tirar os profissionais das redações para essa ação. “A alternativa é realizar um curso dentro da redação. Fizemos uma iniciativa assim, certa vez e deu muito certo”, disse assessora de imprensa, Gladis Ébole.

Saber o que contar para a imprensa também foi pontuado pelo outro palestrante da oficina, o jornalista Reinaldo Canto. “Consegue passar a mensagem quem tem política ambiental e não quem tem uma ação pontual”, atentou.

Canto também lembrou que apenas 11,5% da população sabem sobre a Rio+20 e que o assessores de comunicação tanto quanto os jornalistas ambientais tem a importância de passar isso para a sociedade.

O modelo econômico capitalista consumista foi bastante debatido no Congresso. André Trigueiro comentou que “o mundo vive uma crise sem precedentes na temática ambiental, com um modelo ecologicamente incorreto, socialmente perverso e politicamente injusto”. Ele ainda disse que a ação humana tornou-se ecocida, ou seja, “com a promoção do esvaziamento das matrizes ambientais necessárias à sua própria sobrevivência”.

Para o economista Ladislau Dowbor, “crescer por crescer é a filosofia de uma célula cancerígena”, fazendo uma analogia sobre o modelo econômico atual. Ele também discorreu sobre o esgotamento das matrizes ambientais, caso o nosso estilo de vida não seja modificado. “Atingimos a casa dos sete bilhões de pessoas esse ano. Crescemos a uma taxa de 80 milhões de pessoas por ano, isso é do tamanho de um Egito. A pressão sobre nosso pequeno planeta é evidente. O problema em nosso estilo de vida é o que a gente está comprando, o que estamos consumindo”, disse comentando sobre a origem dos produtos, se são fabricados com práticas sustentáveis.

Na palestra “Ciência e Inovação para uma sociedade sustentável”, Luiz Pingueli Rosa, abordou a questão de geração de energia, em que defendeu a energia eólica como complementar a hidrelétrica. “Quando chega a estação dos ventos, estamos vivendo época de poucas águas, portanto, um sistema complementa o outro”, disse Rosa, que é diretor da COPPE da UFRJ.

Rosa também atentou que os estudos da COPPE no Nordeste sobre usinas de energias a partir de ondas do mar estão avançados. Para ele não há energia santa. “Um gerador eólico também causa impactos. É necessário cimento, aço para construí-lo, portanto, não há geração de energia sem impacto”, comentou, defendendo a ideia de royalties para as populações afetadas com a implantação de usinas de geração de energia.

O professor Wilson da Costa Bueno, atentou no painel “O Jornalismo Científico e o Diálogo Imprensa/Academia” sobre os perigos de ouvir apenas fontes qualificadas. “Cuidado com fontes técnicas, pois elas estão comprometidas com interesses econômicos por trás das pesquisas. Jornalistas devem incluir sempre fontes que não possuam currículos lattes”, disse.

Com a apresentação de números de um dos maiores eventos extremos da humanidade, a passagem do furacão Katrina nos EUA, em que a população da área atingida pela tempestade antes de 463 mil habitantes passou para 230 mil, a diretora de sustentabilidade da BM&F Bovespa, Sonia Favaretto, mostrou que a ocorrência de eventos extremos eleva o PIB das áreas atingidas devido à sua reconstrução. “Sustentabilidade é negócio, socialmente correto”, comentou.

Por fim, no último dia do Congresso, André Trigueiro apresentou as transformações das mídias, com a diminuição de leitores de jornais e decréscimo de telespectadores, em função do aumento de aparelhos móveis, como os smartphones, tablets e laptops. Para Trigueiro, o jornalista nessa nova mídia deve inserir em todas as editorias as pautas sobre sustentabilidade. “Os assuntos ambientais tem intersecções na comunicação com todas as áreas. O jornalista, portanto, é universalista”, disse.

Assessoria de Comunicação – Consórcio PCJ

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