Alexandre Uezu, coordenador do projeto “Semeando Água” do Instituto IPÊ, atenta para as possibilidades de gerar renda com preservação ambiental

A importância da conservação da biodiversidade e a preocupação com o reflorestamento ambiental foram destaques da Live Entrevista “Proteção Ambiental e Geração de Renda”, realizada pelo Consórcio PCJ na última sexta-feira, dia 24 de julho. A entrevista foi transmitida ao vivo pelas contas da entidade no Instagram e Youtube e contou com a participação do Coordenador do projeto “Semeando Água” do Instituto IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), Alexandre Uezu, e mediação do jornalista e Gerente de Sensibilização e Comunicação do Consórcio PCJ, Murilo Sant’Anna.

Na live, Uezo explicou que o projeto “Semeando Água” atua em oito municípios do Sistema Cantareira, atende ao menos 200 proprietários rurais e promove ações com potencial de aumentar a segurança hídrica do Sistema. Entre as iniciativas desenvolvidas dentro do projeto estão: Reflorestamento de áreas próximas às nascentes, rios e reservatórios; Melhoria no uso do solo nas propriedades rurais da região e capacitação de produtores rurais sobre cultivos mais sustentáveis e ao mesmo tempo com ganhos de rentabilidade. O projeto também já realizou o plantio de mais de 50 mil mudas nativas de mata atlântica nas encostas dos reservatórios do Sistema Cantareira.

Segundo o coordenador do “Semeando Água”, desde o início dos trabalhos pelo menos 85 hectares de pastagem convencional já foram transformados em pastagem ecológica. Este tipo de pastagem, segundo ele, garante benefícios ambientais e econômicos às propriedades, uma vez que garante fertilidade ao solo e, consequentemente, uma melhor produtividade ao proprietário. “Em tempos de seca é evidente que o capim cresce de forma mais lenta. A pastagem convencional durante o inverno não é suficiente para alimentar o gado o que faz com que ele perca peso. Entretanto, o manejo da pastagem ecológica permite que os proprietários tenham capim para alimentar seus animais mesmo na época mais seca do ano no Sistema Cantareira, já que este tipo de pastagem tem alto grau de fertilidade. Isso influencia na produtividade que o proprietário terá”, afirmou ele.

Em relação às ações de educação ambiental do “Semeando Água”, o coordenador afirmou que estas são desenvolvidas junto aos proprietários rurais e que são pautadas em capacitações com rodas de conversa. “Nós realizamos inicialmente um diagnóstico da região e identificamos alguns proprietários que estavam mais favoráveis a fazer essa conversão em suas propriedades. Selecionamos proprietários de diferentes municípios dentro do Sistema Cantareira e começamos a trabalhar com eles. Nas capacitações nós levamos outros proprietários para conhecer essas iniciativas justamente para mostrar que elas trazem retorno. Nada melhor do que um proprietário que obteve sucesso falar para o outro os benefícios que ele tem a ganhar”.

Uezo ainda ressaltou que o manejo da pastagem seja ela ecológica ou com a implantação de sistemas como o de silvipastoril, agroflorestal e silvicultura de nativas são essenciais para garantir o futuro do Sistema Cantareira. “Estes sistemas por serem benéficos tanto ao meio ambiente como para a propriedade acabam por manter os produtores nas suas localidades. A pastagem convencional tem baixo rendimento e as pessoas acabam sem retorno para sobreviver e por fim vendem suas terras. As terras por vezes são vendidas a pessoas sem conhecimento da área que acabam loteando essas propriedades. Essa alta concentração populacional sobrecarregaria o Sistema Cantareira”, comentou.

PSA e Semeando Água

Ainda durante a entrevista, Uezo ressaltou a similaridade do projeto “Semeando Água” e da atividade de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais), sistema que ajuda na conservação e manejo adequado por meio de atividades de proteção e de uso sustentável, seguindo o princípio “provedor-recebedor”, mas explicou que entre eles há diferenças.

“Tanto o PSA quanto os projetos que o IPÊ vem desenvolvendo visam melhorar as condições do Sistema Cantareira. O PSA é um mecanismo financeiro onde se tem os beneficiários e os produtores rurais que vão influenciar na quantidade e qualidade de água por meio do uso do solo na propriedade. Essa atividade visa incentivar boas práticas nas propriedades e com isso o proprietário tem um retorno econômico. Para que haja esse ciclo de recursos normalmente o beneficiário paga um pouco mais em sua conta de água e o valor a mais é revertido para pagar esses proprietários. Já nós trabalhamos com a ideia de fazer uma adequação dentro das propriedades, principalmente com o planejamento da paisagem como um todo. Isso através da realização de capacitações, levantamentos detalhados sobre essas propriedades, fornecimento de materiais”, pontuou.

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