Drenagem Urbana – O Simples Continua Eficaz

Desde o ano 2000, quando cientistas internacionais confirmaram a existência dos Eventos Climáticos Extremos e as Bacias PCJ passaram também a vivenciar os seus reflexos, a equipe da Secretaria Executiva do Consórcio PCJ com o apoio de parceiros começou a elaborar e a encaminhar em dois períodos do ano recomendações para a região e para todo o sistema de gerenciamento de recursos hídricos, de procedimentos contidos em um de seus Macro Programas denominado “Comportamento Climático – Pense antes que aconteça”.

O primeiro documento passou a ser expedido na ultima quinzena do mês de março de cada ano, destinado a “prevenção da estiagem”, pelo qual recomendava-se às concessionárias de saneamento, realizassem com o apoio de parcerias, uma série de ações de contingenciamento e prevenção, tais como: a limpeza das calhas dos rios, principalmente, nos pontos de captação para o abastecimento, verificação da eficiência de funcionamento das adutoras, estações de recalque, reservatórios enterrados e elevados, situação de pressão nas redes do sistema de distribuição de água, procedimento de descargas em pontos das redes recomendados para essa função, atualização do cadastro dos caminhões pipa existentes no município para situações de abastecimento de emergência, verificação de possíveis pontos de captação de água para abastecimentos emergências, solicitação de outorgas para a realização de enrocamentos na calha dos rios, aquisição antecipada de carvão ativado para ser utilizado no tratamento da água, realização de reuniões com a Defesa Civil municipal para atualização de contatos e revisão de plano estratégico, entre outras medidas. Essas seriam as recomendações para a estiagem.

No início da segunda quinzena de setembro de cada ano, o Consórcio PCJ providenciava a divulgação de ações de contingenciamento para o “período de cheias”, contendo recomendações gerais, tais como: a necessidade de limpeza de todas as bocas de lobo existentes nos municípios, a retirada de assoreamento em canais de concreto subterrâneos e de passagens (travessias em avenidas e rodovias), por serem locais críticos e possíveis de represamento e não escoamento da água; construção de bacias de retenção em pontos estratégicos na zona rural, na tentativa de evitar que as calhas dos córregos, rios e ribeirões já adentrassem as cidades, nos períodos de chuvas, com sua calha totalmente ocupada, provocando facilmente inundações em pontos críticos; estimular a construção de cisternas; a limpeza dos sarjetões (quebra-molas) constantes nas ruas e avenidas, facilitando o escoamento da água; promover alerta para a comunidade de que o “local de lixo é no lixo”, evitando-se jogar papel ou qualquer tipo de material nas praças, ruas, ou diretamente nas bocas de lobo; realizar uma reflexão entre os funcionários municipais sobre as regiões inundáveis no município, verificando se alguma obra ou intervenção foi realizada para amenizá-la, ou da existência da possibilidade da execução de obras, quer seja de forma simples e utilizando equipe própria, mas que direta ou indiretamente poderiam previr novas inundações; estimular os organismos públicos e imprensa a comunicar sobre o início do período de chuvas, enaltecendo sobre os impactos que o mesmo poderia provocar e quais as medidas preventivas a serem adotadas; entre outras.

A partir de dezembro de 2013 com a marcante presença dos Eventos Climáticos Extremos nas Bacias PCJ e toda a região sudeste, o Consórcio PCJ sofisticou suas ações, com o lançamento do Projeto “Construindo Sustentabilidade”, recomendando medidas de contingenciamento para estiagem e cheias, estímulo à elaboração de planos e projetos, bem como indicando fontes de recursos para o financiamento de obras e ações. Para complementar essa iniciativa, a entidade lançou as “22 Metas para a garantia da Sustentabilidade Hídrica”, que foram defendidas no primeiro semestre de 2017, em Brasília (DF), durante o Congresso Nacional de Municípios, pelo Sr. Benjamim Bill Vieira de Souza, prefeito de Nova Odessa (SP) e Presidente do Consórcio PCJ,

O Consórcio PCJ sempre vem se mantendo atento e atuante, alertando, esclarecendo, justificando e até ficando em situações de constrangimento, uma vez que a cultura da “prevenção” não é, ainda, implementada significativamente no país, visto que os julgamentos são sempre imediatistas.

Nos chegou a informação da ocorrência, no último final de semana, da incidência de chuvas de grande intensidade e duração em municípios das Bacias PCJ, onde as medidas de prevenção mencionadas anteriormente foram implementadas, apresentando como resultado a não ocorrência de inundações, reforçando que a insistência em tais medidas é produtiva.

Estamos entrando em contato com os municípios das Bacias PCJ para obter mais informações e constatar se as ações realizadas, de forma geral, bem como aquelas que incidiram em desobstrução da calha de córregos e desassoreamento de canais de concreto, foram responsáveis por evitar inundações e calamidades. Caso constatado o esperado, ressalta-se estarmos frente ao folclórico “ovo de colombo”, ou seja, nas questões de drenagem urbana, as recomendações que o Consórcio PCJ, Defesa Civil, Instituições Públicas e Privadas da área de gestão de recursos hídricos e parceiros frequentemente indicam, realmente funcionam.

Quanto a eventuais cobranças sobre o nosso alerta das possibilidades de estiagem em 2018, em pleno início do período de cheias, a recomendação interna é para que os porta-vozes da entidade fiquem alertas e atentos para procederem respostas firmes e coerentes, embasados tecnicamente, sempre insistindo na importância do planejamento e prevenção.

Cabe ressaltar que em todas as manifestações do Consórcio PCJ, a entidade enalteceu estarmos vivenciando os “Eventos Climáticos Extremos”, dificultando qualquer tipo de previsão, mesmo partindo de Centros de Pesquisa ou especialistas em meteorologia.

O Consórcio PCJ realizou alertas no início de 2018 resultado da realização de leitura e reflexão sobre as precipitações ocorridas desde 2011, com enfoque especial em 2017, que demonstrou que as precipitações e volumes reservados no Sistema Cantareira no último ano estarem muito próximos aos registrados em 2013, período pré-crise hídrica. Constatado o fato, a entidade desencadeou as manifestações pertinentes e cabíveis para a situação no cumprimento de sua missão de atuar como “Agencia de Planejamento, Fomento e Sensibilização”.

É importante lembrar que as considerações sobre o fenômeno La Ninã, entre outras, foram apontadas pela Entidade, como possíveis de causar impactos, principalmente a partir do início da estiagem, com início no mês abril de 2018.

O fato de estarem ocorrendo chuvas de grande intensidade e duração em janeiro de 2018, reforça a necessidade da construção de reservatórios, cisternas, bacias de retenção, piscinões ecológicos, desassoreamentos, entre outras iniciativas para a reservação de água. Chuvas intensas apresentam logo após sua ocorrência vazões significativas nas calhas dos rios, durante sua ocorrência e nas 12 horas que se seguem, porém, conforme vivenciado na prática, demonstram que 24 horas depois, as vazões chegam a reduzir na ordem de 80%. Assim sendo, podemos concluir que as chuvas de janeiro de 2018 estão contribuindo para ampliar o abastecimento e amenizar o clima, momentaneamente, mas poderão não evitar que uma estiagem crítica como a de 2014 se repita a partir de abril de 2018.

A entidade constatou que frente aos Eventos Climáticos Extremos, e aqui não se deve confundir fatos expeditos e momentâneos com comportamento climático anual, que todas as medidas recomendadas, entre outras propostas por parceiros e especialistas, sobre medidas preventivas para a estiagem e cheias, atrelada a um Plano de Intervenções e Contingenciamento perene, seriam a forma correta de minimizar o problema e garantir a construção de um caminho em prol da sustentabilidade hídrica futura, com o suficiente, sem excessos.

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